Leia o texto abaixo, que versa sobre a Grande Depressão que se seguiu
à crise econômica financeira de 1929:
A Grande Depressão confirmou a crença de intelectuais, ativistas e
cidadãos comuns de que havia alguma coisa fundamentalmente errada
no mundo em que viviam. Quem sabia o que se podia fazer a respeito?
Certamente poucos dos que ocupavam cargos de autoridade em seus
países e com certeza não aqueles que tentavam traçar um curso com
os instrumentos de navegação tradicionais do liberalismo [...]. Em 1933,
não era fácil acreditar, por exemplo, que onde a demanda de consumo
e, portanto, o consumo, caíssem em depressão, a taxa de juros cairia
também o necessário para estimular o investimento, para que a demanda de investimento preenchesse o buraco deixado pela menor demanda
de consumo.
(HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos.
SP: Companhia das Letras, 1995, p. 106-107.)
De acordo com o fragmento, entre as causas da Grande Depressão,
ocorrida nos Estados Unidos, podemos identificar:
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: a questão aborda as causas econômicas da Grande Depressão (EUA, pós-1929), focalizando a explicação keynesiana/histórica de que a crise decorreu sobretudo de uma quebra da demanda combinada com a persistência de políticas inspiradas no liberalismo clássico (ausência de intervenção estatal eficaz).
Resumo teórico e contextual (sucinto): após o crash de 1929 vieram falências bancárias, queda de renda e desemprego. Economistas como John Maynard Keynes explicaram que a economia entrou em armadilha por insuficiência de demanda agregada: consumo e investimento caíram, e os mecanismos automáticos do liberalismo (ajuste de juros) não garantiram recuperação rápida. A manutenção do padrão-ouro e políticas deflacionárias agravaram a crise (ver Keynes, 1936; Temin, 1989; Hobsbawm, 1995).
Por que a alternativa C é correta: ela identifica dois elementos centrais citados no texto: (1) a queda brusca da capacidade de consumo e (2) a falta de controle/ação estatal herdada do liberalismo clássico — exatamente a combinação que os historiadores e economistas apontam como causa da longa depressão. O fragmento de Hobsbawm destaca a descrença nos instrumentos liberais tradicionais para restabelecer demanda, alinhando-se à justificativa da alternativa C.
Análise das alternativas incorretas:
A: incorreta — afirma "excesso de intervencionismo estatal". Na realidade, a crítica do texto é o oposto: pouco controle/ação eficaz do Estado, não excesso.
B: incorreta — sugere políticas que aumentavam juros para conter consumo. Não houve política consistente de elevação de juros com esse objetivo; o problema foi a queda de demanda e falhas de ajuste, não um aumento deliberado e contínuo de juros para frear consumo.
D: incorreta — o protecionismo (ex.: Smoot-Hawley) prejudicou o comércio e agravou a crise internacional, mas não é apresentado no texto como a causa principal da queda da demanda interna; o núcleo da explicação é a contração de consumo e a ausência de políticas públicas adequadas.
E: incorreta — afirma que a queda das taxas de juros barateou produtos e elevou consumo. Na prática, consumo caiu; a redução de juros não foi suficiente para compensar a perda de renda e confiança. Além disso, a explicação contraria o argumento do texto sobre a insuficiência dos mecanismos liberais.
Dica de interpretação para provas: identifique termos-chave no enunciado (ex.: "demanda", "liberalismo", "instrumentos tradicionais") e relacione-os ao quadro teórico (Keynes vs. liberalismo clássico). Elimine alternativas que invertam logicamente as relações apresentadas no texto.
Fontes sugeridas: Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos; John M. Keynes, The General Theory (1936); Peter Temin, Lessons from the Great Depression.
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