Questão 967c6945-e6
Prova:Esamc 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O trecho abaixo pertence ao conto “Conversa de bois”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, cujo recurso narrativo é o diálogo entre boisde-carga, que conversam entre si enquanto trabalham:

    Todavia, ninguém boi tem culpa de tanta má-sorte, e lá vai ele tirando, afrontado pela soalheira, com o frontispício abaixado, meio guilhotinado pela canga-de-cabeçada, gangorrando no cós da brocha de couro retorcido, que lhe corta em duas a barbela; pesando de-quina contra as mossas e os dentes dos canzis hiselados; batendo os vazios; arfando ao ritmo do costelame, que se abre e fecha como um fole; e com o focinho, glabro, largo e engraxado, vazando baba e pingando gotas de suor. Rebufa e sopra:
    — Nós somos bois... Bois-de-carro.. Os outros, que vêm em manadas, para ficarem um tempo-das-águas pastando na invernada, sem trabalhar, só vivendo e pastando, e vão-se embora para deixar lugar aos novos que chegam magros, esses todos não são como nós...
     — Eles não sabem que são bois... — apoia enfim Brabagato, acenando a Capitão com um esticão da orelha esquerda.

(ROSA, João Guimarães. “Conversa de bois”. Sagarana. Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, p. 214.)


No trecho citado, há uma diferenciação entre os “bois-de-carro” e os “outros, que vêm em manadas”. De acordo com o boi Brabagato, estes “outros” “não sabem que são bois…”. Brabagato presumiu isso, pois:

A
os bois-de-carro, ao trabalharem, tomaram consciência de sua própria existência.
B
o fato de os bois que não trabalham terem comida à vontade propicia o ócio criativo.
C
a consciência de si só é admitida em caso lazer
D
invejava-os e queria levar uma vida tranquila e sem trabalho.
E
desejava acalentar o amigo boi, que reclamava do sofrimento trabalhista.

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo