Releia o trecho abaixo:
O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: “Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele
estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros”. Pois
é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida.
Nem para ser gente fina.
Para tomar a decisão de passar fome, foi preciso que o macaco:
Releia o trecho abaixo:
O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: “Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros”. Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.
Para tomar a decisão de passar fome, foi preciso que o macaco:
Cientistas descobrem o que passa pela cabeça dos animais
(Alexandre Versignassi e Eduardo Szklarz)
[...] Para começar a entender como funciona a inteligência em mentes
que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas
percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica.
Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe
que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar pra ela, a menos que ela
contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí sim,
ele vai dar à rosa um montão de significados.
“Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o
focinho”, diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em
comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas
pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa
quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.
Assim, o universo dos cachorros é um extrato de cheiros diferentes.
Talvez por isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo
que não concluam que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro
diferente, então não interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças aos odores
que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe
quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu,
se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não
se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear
doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade
Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão
e bexiga também já foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas
nem vem, cachorrada: nossa capacidade de ler placas lá longe na estrada
deixaria vocês morrendo de inveja.
[...] Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o
psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas,
palavras representadas por sons de computador formavam 2 mil frases.
Quando os golfinhos ouviam “ESQUERDO BOLA BATER”, por exemplo,
entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido “PRANCHA PESSOA ÁGUA” era para que levassem uma prancha a uma pessoa que estava
na água. Já “PESSOA PRANCHA ÁGUA” era para levar a pessoa à prancha
na água. Não existe diferença entre fazer isso e aprender um idioma. Ponto
para os golfos.
Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser, uma border collie. A
cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a maioria brinquedos,
mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática.
Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem compreender parte da linguagem humana. [...] a ideia de que eles
praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas
fazem isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes
de alimentos.
Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da
mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe confere uma
voz individual.
Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda falta muito para
decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é difícil captar uma
conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso, cada sinal varia
conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da situação,
uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer “tchau”, “pare” ou “custa
R$ 5”. [...]
Golfinhos têm um lado sádico: se aproximam sorrateiramente de
gaivotas que descansam na água, dão um caldo nelas e as liberam depois
de mantê-las alguns segundos debaixo d’água, sofrendo.
Mas o macaco rhesus, um primata asiático com jeito de babuíno,
está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade
Northwestern, EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre que eles faziam isso outros rhesus levavam um
choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram.
Mas com outros foi diferente. O psicólogo americano Frans De Wall conta
melhor: “Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver
outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros”. Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar
ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.
[...]
(Adaptado de http://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-descobrem-o-que-passapela-cabeca-dos-animais?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=f
acebook&utm_campaign=redesabril_super)
Cientistas descobrem o que passa pela cabeça dos animais
(Alexandre Versignassi e Eduardo Szklarz)
[...] Para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar pra ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada pelo dono. Aí sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.
“Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o focinho”, diz a psicóloga americana Alexandra Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho, por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha de açúcar. Já um beagle consegue farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas piscinas olímpicas.
Assim, o universo dos cachorros é um extrato de cheiros diferentes. Talvez por isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo que não concluam que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro diferente, então não interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças aos odores que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, que objetos tocou, o que comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão e bexiga também já foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas nem vem, cachorrada: nossa capacidade de ler placas lá longe na estrada deixaria vocês morrendo de inveja.
[...] Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas, palavras representadas por sons de computador formavam 2 mil frases. Quando os golfinhos ouviam “ESQUERDO BOLA BATER”, por exemplo, entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido “PRANCHA PESSOA ÁGUA” era para que levassem uma prancha a uma pessoa que estava na água. Já “PESSOA PRANCHA ÁGUA” era para levar a pessoa à prancha na água. Não existe diferença entre fazer isso e aprender um idioma. Ponto para os golfos.
Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser, uma border collie. A cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a maioria brinquedos, mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de gramática. Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem compreender parte da linguagem humana. [...] a ideia de que eles praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas fazem isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes de alimentos.
Golfinhos têm uma linguagem interna. Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda na água e fricção da mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe confere uma voz individual.
Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda falta muito para decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é difícil captar uma conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso, cada sinal varia conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da situação, uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer “tchau”, “pare” ou “custa R$ 5”. [...]
Golfinhos têm um lado sádico: se aproximam sorrateiramente de gaivotas que descansam na água, dão um caldo nelas e as liberam depois de mantê-las alguns segundos debaixo d’água, sofrendo.
Mas o macaco rhesus, um primata asiático com jeito de babuíno, está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade Northwestern, EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre que eles faziam isso outros rhesus levavam um choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram. Mas com outros foi diferente. O psicólogo americano Frans De Wall conta melhor: “Um macaco parou de apertar o botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome para não causar sofrimento aos outros”. Pois é. Não precisa ser gente para pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.
[...]
(Adaptado de http://super.abril.com.br/ciencia/cientistas-descobrem-o-que-passapela-cabeca-dos-animais?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=f
acebook&utm_campaign=redesabril_super)