Questão 9267829f-af
Prova:UNESP 2013
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Uma obra de arte pode denominar-se revolucionária se, em virtude da transformação estética, representar, no destino exemplar dos indivíduos, a predominante ausência de liberdade, rompendo assim com a realidade social mistificada e petrificada e abrindo os horizontes da libertação. Esta tese implica que a literatura não é revolucionária por ser escrita para a classe trabalhadora ou para a “revolução”. O potencial político da arte baseia-se apenas na sua própria dimensão estética. A sua relação com a práxis (ação política) é inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais imediatamente política for a obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de transcendência e mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e Rimbaud que nas peças didáticas de Brecht.


(Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d.)


Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte caracteriza-se por

A
apresentar conteúdos ideológicos de caráter conservador da ordem burguesa.
B
comprometer-se com as necessidades de entretenimento dos consumidores culturais.
C
estabelecer uma relação de independência frente à conjuntura política imediata.
D
subordinar-se aos imperativos políticos e materiais de transformação da sociedade.
E
contemplar as aspirações políticas das populações economicamente excluídas.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: a questão trata da concepção de Herbert Marcuse sobre a dimensão estética da arte e seu potencial político. Para resolver, é preciso compreender a ideia de que a força subversiva da arte decorre de sua autonomia estética — não de um compromisso direto e imediato com a política prática.

Resumo teórico (essencial): segundo Marcuse (A Dimensão Estética), uma obra é "revolucionária" quando transforma esteticamente a experiência, revelando a ausência de liberdade na realidade social e abrindo horizontes de libertação. A relação entre arte e práxis é indireta: quanto mais a obra se prende a objetivos políticos imediatos, mais reduz seu poder de transcendência. Fonte principal: Herbert Marcuse, A dimensão estética.

Por que a alternativa C está correta: C afirma que a dimensão estética estabelece uma relação de independência frente à conjuntura política imediata. Isso sintetiza a tese de Marcuse: o potencial subversivo vem da autonomia estética, que rompe a realidade mistificada sem se subordinar a programas políticos imediatos. Portanto, C captura corretamente a ideia central do texto.

Análise das alternativas incorretas:

A — incorreta: reduz a dimensão estética a um conteúdo ideológico conservador. Marcuse fala de autonomia e poder crítico, não de mera reprodução de ideologia burguesa.

B — incorreta: confunde estética com entretenimento/consumo. A proposta de Marcuse destaca a capacidade de transformação crítica, não a satisfação de demandas de mercado.

D — incorreta: afirma subordinação aos imperativos políticos e materiais. É o oposto do que o texto defende; Marcuse critica exatamente essa subordinação.

E — incorreta: reduz a arte a expressão direta das aspirações políticas de grupos excluídos. Novamente, Marcuse enfatiza a mediação estética e a indireta relação com a práxis, não a função instrumental imediata.

Dica de prova: ao ler enunciados relacionados à estética e política, procure palavras-chave como "autonomia", "indireta", "transcendência" ou "subversão estética". Elas indicam posições que valorizam a independência da arte frente à política imediata — ponto decisivo para escolher a alternativa correta.

Referência rápida: Herbert Marcuse, A dimensão estética (sobre relação entre arte, estética e política).

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