O Colégio Rio Branco, uma das mais tradicionais escolas particulares de São Paulo, instalou câmeras de vigilância nas salas de aula. Até onde devemos avançar na utilização de tecnologias de monitoramento? Para o filósofo prus siano, Immanuel Kant, um homem pode fazer a coisa certa ou por temer a sanção ou por reconhecer a racionalidade por trás da norma. Só na segunda hipótese ele age de forma moral e livre. Avançando um pouco mais no raciocínio, as câmeras, ao jogar o interesse para o mesmo lado da obrigação, na verdade nos privam da liberdade de fazer o que é certo, isto é, impedem nosso crescimento como agentes morais.
Este comentário pode ser interpretado pelo leitor de múltiplos pontos de vista. Ele baseia-se, no entanto, num pressuposto es- sencial, segundo o qual.
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Gabarito comentado
Resposta: Alternativa correta: B
Tema central: a questão aplica a teoria moral kantiana a um problema contemporâneo (vigilância tecnológica) para inferir um pressuposto sobre a relação entre tradição filosófica e problemas atuais.
Resumo teórico (essencial e progressivo): Kant distingue agir por temor da sanção (heteronomia) e agir por reconhecimento racional da obrigação (autonomia moral). Só a ação motivada pela razão prática é verdadeiramente moral e expressa liberdade. A presença de sanções ou incentivos externos (como câmeras) tende a orientar o comportamento por motivos externos, impedindo o desenvolvimento da autonomia moral.
Justificativa da alternativa B: o comentário do enunciado parte exatamente do pressuposto de que temas contemporâneos (tecnologia de vigilância) podem e devem ser problematizados à luz de uma tradição filosófica (a ética kantiana). Logo, afirmar que a existência social contemporânea pode ser pensada pela tradição filosófica recobre o pressuposto exigido — por isso B é a correta.
Análise das alternativas incorretas: - A: incorreta — contradiz o enunciado; ele demonstra justamente a conexão entre filosofia e vida cotidiana, não um distanciamento. - C: incorreta — reduz a reflexão ética a um determinismo econômico/egoísta; o trecho usa Kant, que discute motivos morais (razão vs interesse), não conclui que tudo é interesse monetário. - D: incorreta — apresenta um determinismo materialista/cientificista (marxista/positivista), não relacionado ao argumento kantiano sobre motivos morais. - E: incorreta — afirma que responsabilidade total exige fiscalização social; o enunciado critica a fiscalização (câmeras) por tolher a autonomia, logo não defende sua instituição.
Estratégias para provas: - Identifique termos-chave ("pressuposto", "segundo o qual") — busque a ideia subjacente, não exemplos. - Relacione o autor citado (Kant) ao núcleo de sua doutrina (autonomia vs heteronomia). - Elimine alternativas que apresentem conclusões opostas ao sentido do texto.
Referências essenciais: Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785); Stanford Encyclopedia of Philosophy — "Kant's Moral Philosophy".
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