A caracterização do amor e da amada, nos poemas I e II, comprova-se, respectivamente, com a utilização constante das figuras
de linguagem denominadas de
TEXTO I.
SEUS OLHOS
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
[...].
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
assim é que são.
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes oh! Sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhe falece.
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.”
Dias, Gonçalves. Seus olhos. Disponível em:
http://www.vidaempoesia.com.br/goncalvesdias.htm.
Acesso em: 22 set.2016. Adaptado.
TEXTO II.
O GONDOLEIRO DO AMOR
Teus olhos são negros, negros
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;
[...]
Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua;
Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no langor
Vagar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!?
[...]
Por isso eu te amo, querida,
Quer no prazer, quer na dor...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.
ALVES, Castro. In: Presença da Literatura Brasileira: D
Romantismo ao Simbolismo. 9. ed. São Paulo: DIFEL, 198 p. 60-2..
Adaptado.
TEXTO I.
SEUS OLHOS
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
[...].
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
assim é que são.
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!
Às vezes oh! Sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhe falece.
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.”
Dias, Gonçalves. Seus olhos. Disponível em:
http://www.vidaempoesia.com.br/goncalvesdias.htm.
Acesso em: 22 set.2016. Adaptado.
Gabarito comentado
Tema central da questão: Figuras de linguagem. O objetivo é reconhecer, nos poemas, quais recursos expressivos predominam na caracterização do amor e da amada.
Justificativa da alternativa correta (A): Metáfora e Gradação
No poema “Seus Olhos” (Gonçalves Dias), há o uso frequente de metáfora — quando um termo é usado por analogia a outro, sem conectivos comparativos. Exemplo: “Seus olhos [...] são meigos infantes”, ou seja, os olhos são comparados a crianças, mas sem usar “como” ou “tal qual”.
Pela norma-padrão e conforme Evanildo Bechara, “na metáfora, há transferência de sentido por similaridade implícita”. Essa figura traduz a visão subjetiva e afetiva do poeta sobre a amada.
Já no texto II, “O Gondoleiro do Amor” (Castro Alves), percebe-se gradação: ideias organizadas do mais simples ao mais intenso — exemplo: “Teus olhos são negros, negros/ Como as noites sem luar.../ São ardentes, são profundos”, criando aumento progressivo da intensidade dos adjetivos. Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, gradação é “a disposição de palavras ou ideias em sequência ascendente ou descendente”.
Análise das alternativas incorretas:
B) Personificação e hipérbole: Embora haja traços de personificação (“olhos brincando”), ela não é dominante, e a hipérbole (exagero) não é característica central dos trechos apresentados.
C) Comparação e assíndeto: Comparação envolve conectivos explícitos (“como”, “tal qual”), pouco frequentes no texto I; assíndeto (omissão de conjunções) não é marcante nos fragmentos.
D) Hipérbole e paradoxo: Hipérbole (exagero) e paradoxo (ideias opostas) não têm destaque nos textos.
Dica de interpretação: Ao analisar poemas, procure pelo tipo de analogia ou progressão de palavras e ideias. Pergunte-se: há comparação direta ou implícita? Existe sequência crescente de intensidade? Essa estratégia ajuda a identificar metáfora e gradação com facilidade.
Referências essenciais: Moderna Gramática Portuguesa, Bechara; Nova Gramática do Português Contemporâneo, Cunha & Cintra.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






