Questão 90a2c881-63
Prova:UFMG 2006
Disciplina:História
Assunto:Demandas políticas e sociais no mundo atual, História Geral, Questões Internacionais: história do tempo presente

As negociações de paz na Irlanda do Norte tiveram início na década de 1990, numa caminhada que teve culminância em 2005, quando o Exército Republicano Irlandês (IRA) se comprometeu a abandonar definitivamente as ações armadas.

Considerando-se o processo de pacificação na Irlanda do Norte e a conseqüente renúncia da luta armada pelo IRA, é CORRETO afirmar que

A
a decisão dos integrantes do IRA foi uma decorrência da sua derrota militar frente às forças de segurança britânicas
B
a opção do IRA pela paz se deveu ao desenvolvimento da comunidade católica, que superou os protestantes em população e níveis de renda.
C
a resolução do IRA de baixar as armas se deveu ao fim da URSS, potência que lhe garantia suporte político e material.
D
as negociações com o IRA foram facilitadas pela ascensão dos trabalhistas na Inglaterra e contaram com apoio do Governo dos EUA.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: as negociações para acabar com o conflito na Irlanda do Norte (The Troubles) nas décadas de 1990–2005 — atores, cronologia e fatores internacionais que levaram à renúncia da luta armada pelo IRA.

Resumo teórico: o processo culminou com o Acordo de Belfast (Good Friday Agreement, 1998) e a declaração final do IRA em 2005 sobre o fim da campanha armada. Dois fatores externos foram decisivos: o apoio diplomático e de mediação dos Estados Unidos (nomeadamente o papel do senador George Mitchell, indicado por Clinton) e uma opção política britânica renovada com a chegada do Partido Trabalhista ao governo (Tony Blair, 1997), que adotou uma postura mais disposta ao diálogo e a concessões políticas que integrassem o Sinn Féin nas negociações.

Justificativa da alternativa D: as negociações foram efetivamente facilitadas pela ascensão dos trabalhistas na Inglaterra (que promoveram uma abordagem mais favorável ao acordo político) e contaram com importante apoio e mediação dos EUA (George Mitchell presidiu a comissão de investigação e mediou as conversações; a administração Clinton ofereceu legitimação e pressão diplomática). Fontes fundamentais: Good Friday Agreement (1998); relatório e mediação de George Mitchell (1996–98); atuação de Tony Blair e da administração Clinton.

Por que as outras alternativas estão incorretas:

A — "decorrência de derrota militar": incorreto porque não houve derrota militar definitiva que obrigasse o IRA a capitular. O fim da violência foi resultado de negociações políticas, desgaste operacional e escolha estratégica de transição para a política eleitoral, não de uma derrota militar clara.

B — "opção pela paz por desenvolvimento da comunidade católica": impreciso. Houveram mudanças socioeconômicas, mas a decisão do IRA foi motivada por fatores políticos e estratégicos (esgotamento, pressão internacional, oferta de participação política), não simplesmente por superioridade demográfica ou econômica dos católicos.

C — "devido ao fim da URSS": não procede. O IRA não dependia da União Soviética como patrono político ou material; seu apoio internacional vinha mais de redes irlandesas e do ativismo na diáspora (EUA). O colapso soviético não foi causa direta da desistência das armas.

Dicas de interpretação: atente ao contexto temporal (anos 1990, Good Friday Agreement 1998, declaração de 2005) e aos atores-chave (Blair, Clinton, George Mitchell, Sinn Féin). Em questões sobre processos de paz, procure fatores diplomáticos e políticos antes de assumir explicações puramente militares ou econômicas.

Fontes sugeridas: Good Friday Agreement (1998); relatório de George Mitchell; estudos introdutórios como Richard English, "Armed Struggle" e relatos jornalísticos contemporâneos.

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