Tudo muda.
De novo começar podes, com o último alento.
O que acontece, porém, fica acontecido:
E a água que pões no vinho, não podes mais separar.
(...)
Porém, tudo muda: com o último alento podes
de novo recomeçar.
(Bertold Brecht)
É a esse processo histórico, que levou à liquidação dos
impérios coloniais europeus e ao surgimento ou ressurgimento
de povos que se constituíram em Nações e Estados, que se
costuma dar o nome de descolonização.
(Letícia Bicalho Canêdo. A descolonização da Ásia e da África, 1985)
A partir dos textos, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: descolonização da Ásia e da África no século XX — processo que levou ao fim formal dos impérios coloniais, mas que muitas vezes preservou estruturas políticas, econômicas e culturais coloniais. Para resolver a questão é preciso distinguir ruptura formal (independência política) de continuidade estrutural (instituições, elites, dependência econômica).
Resumo teórico: a literatura sobre descolonização mostra dois vetores: 1) a independência política e o surgimento de Estados-nação; 2) a persistência de formas de dominação — elites locais formadas no quadro colonial, modelos estatais europeus, integração econômica dependente. Assim, a metáfora “a água que pões no vinho, não podes mais separar” indica essa continuidade entre colonização e descolonização (ver Letícia B. Canêdo; também análise institucional e de dependência — e documentos como a Resolução 1514 (1960) da ONU, que reconheceu o direito à autodeterminação).
Por que a alternativa A é correta: ela afirma que a descolonização foi inseparável da colonização porque o nacionalismo — conceito difuso e em muitos casos apropriado no padrão ocidental — foi usado por classes dirigentes locais que se identificaram com o novo Estado-nação sem necessariamente restaurar todas as tradições locais. Isso explica a mistura irreversível (água + vinho): independência formal, continuidade estrutural.
Análise das alternativas incorretas:
B — afirma ruptura plena e retorno às tradições; ignora a evidência de continuidade institucional e dependência econômica. Errada.
C — fala da descolonização no século XIX e do nacionalismo como “valor tribal”; é cronologicamente incorreta e conceitual: descolonização massiva ocorreu no séc. XX e nacionalismo moderno não é simplesmente tribal. Errada.
D — afirma processo totalmente separado e que beneficiou a maioria; romantiza o resultado e não reconhece a continuidade com interesses alinhados ao capitalismo internacional. Errada.
E — descreve a descolonização como revolucionária e benéfica para todos, com classe dirigente pró-capitalismo internacional que promoveu desenvolvimento amplo; apresenta uma visão idealizada e geral demais, sem captar as persistências mencionadas no texto. Errada.
Estratégia de prova: identifique metáforas-chaves (a água e o vinho) e relacione-as ao resumo teórico. Verifique datas (séc. XX) e procure respostas que combinem independência política com continuidade estrutural — esse equilíbrio costuma ser a pegadinha em provas.
Fontes úteis: Letícia B. Canêdo, A descolonização da Ásia e da África; Resolução ONU 1514 (1960) — Declaração sobre a Concessão de Independência às Colónias.
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