Com base no texto e nos conhecimentos sobre a noção de imitação (mímesis) em Aristóteles, assinale a
alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Ao que parece, duas causas, e ambas naturais, geraram a poesia. O imitar é congênito
no homem, e os homens se comprazem no
imitado. Sinal disso é o que acontece na experiência: nós contemplamos com prazer as
imagens mais exatas daquelas mesmas coisas
que olhamos com repugnância, por exemplo,
as representações de animais ferozes e de cadáveres. Causa é que o aprender não só muito
apraz aos filósofos, mas também, igualmente,
aos demais homens, se bem que menos participem dele. Efetivamente, tal é o motivo por
que se deleitam perante as imagens: olhando-as aprendem e discorrem sobre o que seja
cada uma delas, e dirão, por exemplo, “este é
tal”. Porque, se suceder que alguém não tenha visto o original, nenhum prazer lhe advirá
da imagem, como imitada, mas tão-somente da execução, da cor ou qualquer outra causa
da mesma espécie.
(Adaptado de: ARISTÓTELES, Poética. Trad. Eudoro de
Sousa. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.445. Os Pensadores.)
Leia o texto a seguir.
Ao que parece, duas causas, e ambas naturais, geraram a poesia. O imitar é congênito no homem, e os homens se comprazem no imitado. Sinal disso é o que acontece na experiência: nós contemplamos com prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas coisas que olhamos com repugnância, por exemplo, as representações de animais ferozes e de cadáveres. Causa é que o aprender não só muito apraz aos filósofos, mas também, igualmente, aos demais homens, se bem que menos participem dele. Efetivamente, tal é o motivo por que se deleitam perante as imagens: olhando-as aprendem e discorrem sobre o que seja cada uma delas, e dirão, por exemplo, “este é tal”. Porque, se suceder que alguém não tenha visto o original, nenhum prazer lhe advirá da imagem, como imitada, mas tão-somente da execução, da cor ou qualquer outra causa da mesma espécie.
(Adaptado de: ARISTÓTELES, Poética. Trad. Eudoro de Sousa. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.445. Os Pensadores.)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto, com ênfase na compreensão do conceito de mímesis (imitação) segundo Aristóteles.
No texto apresentado, Aristóteles argumenta que a arte – seja ela pintura ou poesia – tem origem no impulso humano de imitar. Esse imitar causa prazer, principalmente quando reconhecemos o objeto imitado, ainda que este seja algo naturalmente desagradável, como animais ferozes ou cadáveres. A chave do prazer estético, segundo o filósofo, está no aprendizado e no reconhecimento do que é retratado, não apenas na beleza ou na agradabilidade do tema.
Alternativa correta: D
A alternativa D afirma que “as imitações da poesia e da pintura causam prazer ao se reconhecer o retratado, mesmo que seja uma retratação de algo desagradável”. Isso está totalmente alinhado ao texto e à concepção aristotélica: o prazer nasce da identificação e da compreensão, como explicitado pelo trecho “olhando-as aprendem e discorrem sobre o que seja cada uma delas”.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta: Não se trata de tornar as coisas mais belas, mas de imitá-las de modo exato, seja belo ou repulsivo.
B) Incorreta: O prazer não depende apenas de as coisas imitadas serem agradáveis; o próprio texto mostra que sentimos prazer ao reconhecer o que é representado, mesmo que seja algo repugnante.
C) Incorreta: O prazer descrito por Aristóteles está na compreensão, não nas técnicas (cor, execução) empregadas.
E) Incorreta: Ambas, pintura e poesia, surgem de causas naturais em Aristóteles (o impulso de imitar é congênito), rejeitando a separação feita nessa alternativa.
Estratégia de Interpretação: Questões desse tipo exigem atenção aos focos argumentativos do texto. Aqui, a palavra-chave é “prazer” relacionado ao reconhecimento (este é tal), independentemente do objeto ser agradável ou não. Atenção a pegadinhas: palavras como “somente coisas agradáveis” ou “mais belas” distorcem a ideia central do autor.
Segundo Evanildo Bechara, a leitura estratégica e contextualizada é fundamental: é preciso delimitar o que é opinião do autor e o que é juízo do candidato. Em provas, busque sempre identificar conectores que explicam causas (“porque”, “efetivamente”, “sinal disso é...”) para localizar argumentos centrais.
Resumo: Aristóteles valoriza o prazer no reconhecimento do retratado pela mímesis, não importando se o objeto é agradável ou não – regra central para gabaritar questões sobre arte e filosofia clássica aplicadas à interpretação.
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