Questão 8ed8e29b-b0
Prova:UEL 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base no texto e nos conhecimentos acerca das noções de causa e efeito em David Hume, assinale a alternativa correta.

Leia o texto a seguir.

Podemos definir uma causa como um objeto, seguido de outro, tal que todos os objetos semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos semelhantes ao segundo. Ou, em outras palavras, tal que, se o primeiro objeto não existisse, o segundo jamais teria existido. O aparecimento de uma causa sempre conduz a mente, por uma transição habitual, à ideia do efeito; disso também temos experiência. Em conformidade com essa experiência, podemos, portanto, formular uma outra definição de causa e chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo aparecimento sempre conduz o pensamento àquele outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem sequer uma noção distinta do que é que desejamos saber quando tentamos concebê-las.

(Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Seção VII, 29. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004. p.115.)

A
As noções de causa e efeito fazem parte da realidade e por isso os fenômenos do mundo são explicados através da indicação da causa.
B
A presença do efeito revela a causa nele envolvida, o que garante a explicação de determinado acontecimento.
C
A causa e o efeito são noções que se baseiam na experiência e, por meio dela, são apreendidas.
D
A causa e o efeito são conhecidos objetivamente pela mente e não por hábitos formados pela percepção do mundo.
E
A causa e o efeito proporcionam, necessariamente, explicações válidas sobre determinados fatos e acontecimentos.

Gabarito comentado

J
João Costa Monitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto com foco em coesão, coerência e compreensão filosófica do conceito de causa e efeito em David Hume.

Justificativa para a alternativa correta (C):

A questão explora a capacidade do candidato de compreender, na leitura, o pensamento filosófico apresentado no texto. Segundo Hume, causa e efeito não são propriedades objetivas do mundo, mas relações que nossamente estabelece a partir da experiência. O texto menciona que a experiência conduz o pensamento do observador de um evento ao outro, reforçando o papel do hábito na formação desses conceitos. Portanto, a alternativa C está correta ao afirmar que as noções de causa e efeito se baseiam na experiência e são apreendidas por ela.

Na leitura, identifique referências explícitas à experiência, transição mental e ausência de conexão objetiva — elementos que fundamentam a resposta.

Análise das alternativas incorretas:

A) Afirma que causa e efeito pertencem objetivamente à realidade. Segundo Hume, não é assim: são ideias formadas por observação contínua, não propriedades intrínsecas às coisas (cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa). Há incoerência com o texto.

B) Sugere que o efeito revela a causa de modo explícito. Hume nega qualquer percepção direta da relação necessária; o efeito não “contém” a causa (pegadinha clássica).

D) Defende que a mente conhece objetivamente a relação causa e efeito, independentemente do hábito. Isso contraria o texto, que mostra a dependência da experiência, negando a objetividade pura.

E) Julga que essas relações proporcionam explicações necessariamente válidas. Segundo Hume, não há certeza absoluta nas relações de causa e efeito — são probabilísticas, não garantidas (atenção à generalização excessiva).

Estratégias para resolver e evitar “pegadinhas”:

  • Procure expressões como “sempre”, “necessariamente”, “objetivamente”: elas podem indicar uma generalização indevida (conforme orienta Celso Cunha & Lindley Cintra).
  • Observe palavras-chave no texto, principalmente conectivos e termos que evidenciam opinião do autor, experiência, ou processos mentais.
  • Desconfie de alternativas que trazem certezas absolutas se o texto mostrar postura crítica, dúvida ou valor probabilístico.

Resumo: A alternativa C define corretamente, de acordo com Hume, que as relações de causa e efeito são frutos da experiência, não propriedades inerentes às coisas, nem explicações com validade absoluta.

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