Questão 8db24e0a-c2
Prova:UFCG 2009
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral, Renascimento Científico, Artístico e Cultural

Os mitos dos soberanos da Idade Média e do Renascimento fundavam-se consideravelmente numa visão de mundo ou mentalidade tradicional. Se um soberano desta época era representado como (digamos) Hércules, isso era muito mais que uma metáfora para dizer que ele era forte, ou mesmo que resolveria os problemas de seu reino com a mesma facilidade com que Hércules realizara seus vários trabalhos”

Com base no fragmento textual acima é correto afirmar que, durante o Antigo Regime, os soberanos:

A
Eram instituídos, pensados e proclamados como um ser humano comum, com qualidades e defeitos próprios aos homens.
B
Não podiam ser contrariados em suas determinações sob pena de os agressores serem acusados do crime de lesa- majestade.
C
Eram representados pela Igreja Católica como sujeitos indispensáveis à sociedade, dando-lhes uma proeminência muito grande sobre os assuntos eclesiásticos;
D
Eram considerados um “igual” por seus súditos, devendo tratá-los, portanto, com fraternidade e respeito.
E
Eram procurados constantemente pelos representantes do povo, pois estes tinham acesso ilimitado para expressar suas opiniões, mesmo que nem sempre fossem atendidos.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa B

Tema central: trata-se da mentalidade política do Antigo Regime — sobretudo do absolutismo — em que o soberano era sacralizado e cotidiano simbolismos (como comparações a Hércules) funcionavam como reforço de autoridade e inviolabilidade. Para resolver a questão é preciso relacionar representação simbólica com prática política: o mito legitima poder e protege-o de críticas.

Resumo teórico: no Antigo Regime predominou a ideia de soberania indivisível (Jean Bodin) e a teoria do direito divino (Bossuet) — o rei é representante de Deus na terra. Essa sacralização implicava normas e costumes que proibiam contestar o monarca; o crime de lesa‑majestade (lesa‑rei) punia insultos ou ações contra a pessoa real e sua autoridade (prática comum na legislação e nos costumes dos Estados modernos europeus).

Justificativa da alternativa B: a alternativa B expressa precisamente essa consequência: o soberano não podia ser contrariado impunemente; opositores eram acusados de lesa‑majestade e severamente punidos. A metáfora de Hércules, no enunciado, indica mais que força pessoal: indica função quase transcendente e intocável do príncipe — concordante com Bodin (Les Six Livres de la République, 1576) e com a doutrina de Bossuet.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. O rei era representado como humano? Não: embora humano de fato, na ideologia política era pensado como superior, investido de prerrogativas e legitimado por símbolos e rituais que o afastavam da condição comum.

C — Errada. A Igreja frequentemente legitimava o poder, mas não é correto afirmar que a representava como indispensável e com proeminência sobre assuntos eclesiásticos. Em muitos casos havia tensão (ex.: galicanismo, conflitos entre monarquias e papado) e o rei reivindicava autonomia sobre a igreja nacional.

D — Errada. A hierarquia era central; o monarca era visto como superior, não como “igual” a seus súditos. Relações eram paternalistas e autoritárias.

E — Errada. Representação popular era limitada: corporações, ordens e parlements existiam, mas o acesso popular e a consulta permanente aos representantes do povo eram inexistentes ou muito restritos no Antigo Regime.

Dica de prova: busque palavras-chave: “mito”, “representação” e “Idade Moderna/Antigo Regime” sinalizam sacralização do poder; alternativas que proponham igualdade ou participação ampla costumam ser armadilhas.

Referências rápidas: Jean Bodin, Les Six Livres de la République (1576); Bossuet, Politics Drawn from the Very Words of Holy Scripture.

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