Questão 8d23526c-f8
Prova:UEG 2015
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Da época antiga até o início da modernidade nos séculos 16 e 17 a ciência estava ligada à filosofia, fazendo do filósofo um sábio que pensava e conhecia todas as coisas. Entretanto, a partir do nascimento da razão moderna com a revolução científica no século 17, a ciência começou a se desligar da filosofia, constituindo campos e objetos de conhecimentos específicos com uso crescente do método experimental matemático. Esse desligamento da ciência e da filosofia contribuiu para uma nova concepção de homem, sociedade e natureza. Assim, verifica-se que

A
a filosofia continua tentando compreender o mundo humano e natural, que agora são objeto das diversas ciências, mas sem fazer recortes do real, como a ciência faz, já que a filosofia considera seu objeto sob o ponto de vista da totalidade.
B
as ciências, ao se separarem da filosofia, passam a lidar com juízos de valor, preocupando-se mais com o dever-ser, ao passo que a filosofia assume para si a tarefa de explicar o mundo tal como ele funciona, oferecendo meios de intervenção na realidade.
C
nesse processo de separação entre filosofia e ciências, as primeiras ciências a adquirirem autonomia foram as ciências humanas, sendo que as ciências naturais só surgem no século 19 com o avanço do pensamento matemático.
D
a separação entre filosofia e ciência, na realidade, decretou o fim da filosofia, já que o mundo natural e humano passam a ser objeto do conhecimento científico que possui caráter pragmático e utilitário, dispensando a reflexão filosófica.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: A ruptura da ciência com a filosofia na modernidade e suas consequências sobre a concepção do sujeito, da natureza e do conhecimento. É importante entender que essa separação gerou a especialização científica, enquanto a filosofia manteve um papel reflexivo e abrangente.

Resumo teórico: No século XVII, com pensadores e praticantes como Francis Bacon (Novum Organum, 1620), Galileu e Descartes (Discurso do Método, 1637), a investigação empírica e o método matemático ganharam primazia. Surgiu, assim, a autonomia das ciências — cada uma com objetos e métodos próprios — enquanto a filosofia passou a orientar-se por questões mais globais, críticas e normativas sobre sentido, valor e totalidade do real.

Por que a alternativa A é correta: Ela afirma que a filosofia continua buscando compreender o mundo na sua totalidade, enquanto as ciências fazem recortes específicos do real. Isso condensa bem a distinção metodológica moderna: ciência = focos e procedimentos especializados; filosofia = reflexão abrangente sobre fundamentos, implicações e totalidade.

Análise das alternativas incorretas:

B (errada) — Inverte as funções: as ciências não passaram a privilegiar juízos de valor (dever-ser); ao contrário, buscam descrições e leis; a filosofia mantém a preocupação com valores e sentido.

C (errada) — Afirmação cronológica falsa: as ciências naturais (física, astronomia, matemática) conquistaram autonomia já no século XVII; não é correto dizer que surgiram apenas no século XIX, nem que as humanas foram as primeiras autônomas.

D (errada) — Generalização extrema: a separação não decretou o fim da filosofia. Pelo contrário, a filosofia continuou e continua como disciplina crítica e fundamentadora (ex.: filosofia da ciência, ética, teoria do conhecimento).

Estratégias para o concurso:

  • Procure palavras-chave: “totalidade”, “autonomia”, “método experimental/matemático”.
  • Desconfie de alternativas que invertam papéis históricos (ex.: ciências como juízos de valor).
  • Atenção a afirmações absolutas tipo “decretou o fim” ou “apenas surgem no século 19”.

Fontes recomendadas: Francis Bacon, Novum Organum; René Descartes, Discurso do Método; estudos introdutórios sobre a Revolução Científica (e.g., Alexandre Koyré).

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