Assinale a opção que apresenta corretamente, um subtítulo para o texto.
Meio ambiente: ações tardias e termômetros em alta
Reinaldo Canto
Não será por falta de declarações, compromissos e reconhecimentos que o processo de enfrentamento das mudanças climáticas não irá alcançar bons resultados durante a realização da
COP 21 (Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas) em dezembro
próximo, em Paris. Mas o que são bons resultados? Basicamente eles se referem a compromissos e não necessariamente a alterações no clima realmente perceptíveis.
Os mais otimistas poderão dizer que as últimas notícias vindas de grandes emissores como Estados Unidos, China e Brasil; de importantes resoluções adotadas em encontros internacionais
como a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável e até mesmo por declarações de influentes
religiosos como o Papa Francisco e lideranças muçulmanas sobre a importância de se cuidar
do planeta, parecem mesmo representar um avanço importante no combate ao aquecimento
global e às mudanças climáticas.
Já os mais pessimistas ou, melhor dizendo, os mais realistas, aplaudem esses posicionamentos, mas, além de considerá-los ainda tímidos diante dos desafios, também perguntam sem
obter respostas: o que está sendo proposto será mesmo suficiente? E, o que ainda é mais angustiante pensar: ainda dará tempo de reverter todo esse processo?
Foram boas e alvissareiras as notícias anunciadas durante a Cúpula do Clima realizada no final
de setembro em Nova York e que serviu de palco para diversos países apresentarem seus compromissos nacionais a serem ratificados durante a Conferência Climática de Paris (a COP 21).
Grandes empresas também buscaram se destacar e se uniram aos líderes mundiais para selar
compromissos de descarbonização de suas atividades e investimentos em energias limpas.
A presidenta Dilma Rousseff também apresentou em Nova York o nosso INDC, sigla em inglês
para o compromisso nacional determinado. A meta brasileira é diminuir 37% das emissões até
2025, chegando a 43% de redução em 2030. O incremento no uso de energias limpas, o reflorestamento de 12 milhões de hectares e o fim do desmatamento ilegal até 2030 estão entre
as propostas para o alcance das metas estabelecidas pelo governo brasileiro.
Mesmo considerando positiva e apoiando em parte o anúncio oficial do país, organizações e
movimentos da sociedade civil se pronunciaram quanto à falta de detalhamento e ousadia do
Brasil. Fizeram coro com diferentes abordagens, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura;
o coletivo Engajamundo e o Observatório do Clima, entre outros.Unânime mesmo foi a reprovação da meta de conter definitivamente o desmatamento apenas
em 2030. A secretária executiva do Diálogo Florestal, integrante da Coalizão Brasil, Miriam
Prochnow, afirmou que “a Coalizão entende que temos a obrigação, inclusive constitucional,
de atacar isso imediatamente, com mais força".
Na mesma linha, “declarar que o Brasil vai ‘buscar’ políticas para eliminar o desmatamento
ilegal é ridículo. O que o governo está dizendo com isso é que aceita conviver com o crime por
sabe-se lá quanto tempo. Isso é uma ofensa ao bom-senso e ao que o Brasil já mostrou que
pode fazer no controle do desmatamento”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “É preciso lembrar que todos os outros países tropicais já se comprometeram a zerar o desmatamento em 2030”, acrescentou.
Debates, metas e mesmo críticas à parte, a verdade é que a temperatura continua a subir. Em
seu último relatório, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em
inglês), alertou que a temperatura do planeta subirá quase 5 graus Celsius até 2100. Já relatório
divulgado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, em
inglês) constatou que o mês de julho deste ano foi o mais quente já registrado no mundo. O mês
registrou temperatura média de 16,61°C nas superfícies dos continentes e dos oceanos, 0,81°C
a mais do que a média de temperatura do século XX. O ano passado já havia sido apontado como
o ano mais quente da história moderna. Além disso, os 10 anos mais quentes registrados, com
exceção de 1998, ocorreram a partir de 2000.
Uma das consequências desse aumento constante na temperatura está nos mares e oceanos.
Recentemente a NASA, órgão aeronáutico e espacial norte-americano, divulgou um estudo
com imagens de satélite que revela um aumento de 8 centímetros no nível dos oceanos de
1992 para cá, sendo que em alguns lugares do planeta chegou mesmo a 22 centímetros. Derretimentos de geleiras e expansão da água do mar estão entre as principais razões, efeitos,
portanto, do aquecimento global.
Só na Groenlândia, por exemplo, a perda de gelo anual está em 303 bilhões de toneladas e na Antártida são em média 118 bilhões de toneladas que todos os anos têm contribuído para elevar o nível
dos nossos mares. Se tivermos em mente que muitas das maiores e mais habitadas cidades do mundo estão localizadas em litorais, pode-se imaginar que efeito isso terá num tempo não tão longo.
Entre a constatação do aquecimento planetário e as ações anunciadas para reverter esse processo, o que nos cabe como sociedade é cobrar mais e mais efetividade e urgência. Descarbonizar a economia global, recuperar a cobertura florestal e mudar radicalmente nossa maneira
de consumo e descarte não são mais possibilidades ou alternativas, mas necessidades básicas
e urgentes para a própria sobrevivência da espécie humana. Vamos, portanto, radicalizar.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/acoes-tardias-termometros-em-alta-e-o-combate-as-mudancas-climaticas-2413.html
Gabarito comentado
Tema central: A questão avalia a interpretação de texto a partir da escolha do subtítulo mais adequado e relacionado à ideia principal apresentada pelo autor.
Para solucionar questões desse tipo, é fundamental aplicar conceitos de coerência e coesão textual, enfatizados por autores como Koch (2000, 2001).
Coerência significa manter lógica e unidade temática, bem como evitar contradições em relação ao propósito do texto. Coesão garante a ligação entre as frases e parágrafos, tornando o texto fluente e conectado.
Justificativa da alternativa correta (E):
E) É inadiável a busca de alternativas que interrompam a fragilização e o aquecimento do planeta.
Essa alternativa sintetiza perfeitamente o foco do texto: a urgência de agir contra o aquecimento global. O artigo destaca diversas ações (nacionais e internacionais), mas ressalta explicitamente que tais soluções são, mais do que nunca, necessárias e urgentes. O trecho: “não são mais possibilidades ou alternativas, mas necessidades básicas e urgentes para a própria sobrevivência da espécie humana” evidencia a inadiabilidade da busca por soluções, o que revela total coerência temática e propriedade coesiva com o texto, como Celso Cunha (2008) sugere em análises de produção textual.
Análise das alternativas incorretas:
A) Foca excessivamente na “Cúpula do Clima” e no papel do Brasil, restringindo o escopo para um aspecto específico, destoando do caráter amplo do texto.
B) Afirma que a conferência “projeta mundo sustentável em quinze anos”, informação não sustentada pelo texto, que inclusive problematiza o prazo das metas.
C) Circunscreve-se apenas ao Brasil e à implantação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. O texto, porém, vai além disso, discutindo causas e consequências globais.
D) Apresenta-se no formato de “dez respostas”, inadequado como subtítulo, pois o texto não se organiza em tópicos ou respostas, mas em argumentação contínua.
Dica de prova: Sempre busque palavras-chave no texto que demonstrem a tese central. Cuidado com alternativas que restrinjam o foco ou desviem o assunto para temas apenas periféricos!
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