Leia o texto abaixo e marque a opção CORRETA:
Em análise sobre os anos 1980, BRUNO (2002) mencionava o filme O ovo da serpente (1977), de Ingmar Bergman,
obra que associava o momento político da Alemanha nos anos 1920 ao amadurecimento do nazismo. A autora
identificava o aumento da violência no campo e a multiplicação dos grupos de defesa da propriedade como sinais de
que “algo estava no ar”. [...] Três décadas após a redemocratização no Brasil, a serpente já se arrasta e o ar da
democracia torna-se mais rarefeito. Paradoxalmente, aqueles grupos que se mobilizavam em torno da União
Democrática Ruralista (UDR) ganharam força simbólica no Congresso, se institucionalizaram – principalmente na
Frente Parlamentar da Agropecuária (vulgo “bancada ruralista”) – e conseguem, nesses espaços institucionais,
terreno fértil para a redução de direitos sociais.
Essa frente parlamentar foi decisiva na derrubada da presidente Dilma Rousseff, em 2016, e na manutenção, nesse
mesmo ano, do presidente Michel Temer no poder. Mais do que isso: diante dos serviços prestados, esses deputados
e senadores vêm protagonizando uma pedalada autoritária contra os povos originários e tradicionais do Brasil, por
meio da criminalização – como nas CPIs da Funai e do Incra – e da tentativa de eliminação, de apagamento das
expressões no campo que não sejam aquelas do agronegócio. A campanha “O Agro é Pop”, da Rede Globo, elimina a
palavra “negócio” e celebra um modelo que os políticos buscam tornar cada vez mais hegemônico no Congresso. Os
modelos camponês e indígena são invisibilizados.
(Texto adaptado. CASTILHO, Alceu. A serpente fora do ovo: a frente do agronegócio e o supremacismo ruralista. Revista OKARA, v. 12, n. 2,
UFPB, 2018. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/okara/article/view/41337/20731> . Acesso em: 19 ago. 2018.)
Leia o texto abaixo e marque a opção CORRETA:
Em análise sobre os anos 1980, BRUNO (2002) mencionava o filme O ovo da serpente (1977), de Ingmar Bergman, obra que associava o momento político da Alemanha nos anos 1920 ao amadurecimento do nazismo. A autora identificava o aumento da violência no campo e a multiplicação dos grupos de defesa da propriedade como sinais de que “algo estava no ar”. [...] Três décadas após a redemocratização no Brasil, a serpente já se arrasta e o ar da democracia torna-se mais rarefeito. Paradoxalmente, aqueles grupos que se mobilizavam em torno da União Democrática Ruralista (UDR) ganharam força simbólica no Congresso, se institucionalizaram – principalmente na Frente Parlamentar da Agropecuária (vulgo “bancada ruralista”) – e conseguem, nesses espaços institucionais, terreno fértil para a redução de direitos sociais.
Essa frente parlamentar foi decisiva na derrubada da presidente Dilma Rousseff, em 2016, e na manutenção, nesse mesmo ano, do presidente Michel Temer no poder. Mais do que isso: diante dos serviços prestados, esses deputados e senadores vêm protagonizando uma pedalada autoritária contra os povos originários e tradicionais do Brasil, por meio da criminalização – como nas CPIs da Funai e do Incra – e da tentativa de eliminação, de apagamento das expressões no campo que não sejam aquelas do agronegócio. A campanha “O Agro é Pop”, da Rede Globo, elimina a palavra “negócio” e celebra um modelo que os políticos buscam tornar cada vez mais hegemônico no Congresso. Os modelos camponês e indígena são invisibilizados.
(Texto adaptado. CASTILHO, Alceu. A serpente fora do ovo: a frente do agronegócio e o supremacismo ruralista. Revista OKARA, v. 12, n. 2,
UFPB, 2018. Disponível em: <http://www.periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/okara/article/view/41337/20731>
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: interpretação de metáfora em texto político. A questão exige identificar o que a metáfora da “serpente” representa no trecho: não é literal, mas simbólica — aponta para um processo político-social associado à bancada ruralista e à mídia que favorece um modelo excludente no campo.
Breve quadro teórico: metáforas linguísticas posicionam o leitor, orientam juízos de valor e condensam relações de poder (ver Lakoff & Johnson, Metaphors We Live By). Aqui, a serpente simboliza uma ameaça democrática/ social que “se arrasta” quando forças conservadoras ganham espaço institucional (Castilho, 2018).
Por que E é correta: o texto relaciona explicitamente a bancada ruralista e a campanha midiática (“O Agro é Pop”) como agentes que promovem um modelo hegemônico e excludente no território. A metáfora realça justamente o papel desses atores na imposição de um projeto que invisibiliza povos indígenas e camponeses — portanto, E sintetiza com fidelidade essa crítica.
Análise das incorretas:
A: incorreta — contraria o tom crítico do texto; a metáfora não realça pluralismo, mas ameaça à pluralidade.
B: incorreta — inverte a relação: a serpente não é atribuída aos povos originários, mas ao avanço ruralista.
C: incorreta — o impeachment é citado como evento que favoreceu esses grupos, não como algo que ampliou pautas sociais; a metáfora não celebra o impeachment.
D: incorreta — não há comparação entre “ovo da serpente” e a institucionalização de movimentos indígenas/camponeses; o ovo alude ao surgimento do autoritarismo ruralista.
Dica de prova: ao interpretar metáforas, procure o agente e o efeito indicados pelo texto (quem age? o que muda?), e relacione termos-chave (ex.: “invisibilizados”, “bancada ruralista”, “campanha”) ao sentido global.
Fontes indicadas: CASTILHO, A. (2018); Lakoff, G. & Johnson, M. (1980), Metaphors We Live By. Consulte também materiais sobre a Frente Parlamentar da Agropecuária (Câmara dos Deputados) para contexto.
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