Grande parte das pessoas que vivem no mundo hoje tem um desejo incessante por novidade. Esta é uma das
conclusões da jornalista e escritora de comportamento americana Winifred Gallagher em seu recente livro New:
Understanding Our Need for Novelty and Change (Novo, Entendendo Nossa Necessidade de Novidade e Mudança, sem
edição brasileira). Winifred recorre a disciplinas como neurociência, biologia evolutiva e psicologia para explicar por que
temos essa quedinha natural por tudo o que é diferente.
Segundo a autora, esse comportamento se baseia no que ela chama de emoções do conhecimento: a surpresa, a
curiosidade e o interesse pelas coisas do mundo. “Assim como o pensamento, elas nos impulsionam a aprender”, diz.
Essa vontade de conhecer o desconhecido tem seu lado positivo. Atualmente essa curiosidade pode colocar você à frente
no mercado de trabalho e tornar sua vida, no mínimo, menos tediosa. Porém, como tudo em excesso, ela também faz mal.
Em uma era de velocidade da informação — temos hoje 4 vezes mais dados em e-mails, tweets, música, vídeos e mídia
tradicional do que há 30 anos — temos de controlar nosso instinto novidadeiro, antes que ele nos controle. “É preciso
filtrar as coisas, senão nem as 24 horas do dia serão suficientes para tantas novidades”, afirma a autora. Ela acredita que
devemos continuar a ser atraídos e surpreendidos pelo mundo, sempre. Mas que é preciso se focar naqueles novos
pensamentos, sons, cheiros e sentimentos que, de alguma maneira, realmente importam para cada um. “Deixe de ser um
mero buscador do novo para se tornar conhecedor dele”, afirma. Ou seja: filtre sua sede por novidade e beba somente o
que há de melhor.
Disponível em:<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI299866-17933,00-ESCRITORA+INVESTIGA+A+NEOFILIA+NOSSO+DESEJO+PELO+DESCONHECIDO.html>
(com adaptações)
Vivemos em uma sociedade de consumo, em que os apelos pelas novidades de consumo tem tornado os indivíduos cada vez mais
vorazes em consumir coisas novas. Essa necessidade em adquirir coisas novas, atitude típica da atual sociedade de consumo,
recebe o nome de:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B — Neofilia
Tema central: a questão trata da inclinação social e psicológica pelo novo dentro da sociedade de consumo. Para resolver, é preciso reconhecer termos que nomeiam comportamentos coletivos e individuais relacionados ao consumo e à curiosidade por novidades.
Resumo teórico: Neofilia (do grego neo = novo + philia = afinidade/amor) é a tendência ou preferência pelo novo, pela novidade. Na psicologia e em estudos sobre comportamento do consumidor, descreve a busca por estímulos novos e a valorização do que é recente — tema explorado por autores como Winifred Gallagher (New: Understanding Our Need for Novelty and Change). Em sociologia, a expressão aparece quando se relaciona esse gosto pelo novo ao mercado e à cultura do consumo.
Justificativa da alternativa B: o enunciado descreve “apelos pelas novidades” e indivíduos cada vez mais “vorazes em consumir coisas novas” — definição típica de neofilia. A autora mencionada também fala explicitamente da necessidade humana por novidade, o que confirma a correspondência direta entre o enunciado e o conceito.
Análise das alternativas incorretas:
A — Fato social: conceito de Durkheim para modos de agir, pensar e sentir externos ao indivíduo e dotados de coerção social. Embora a cultura consumista possa ser tratada como fato social, a alternativa pede o nome da tendência específica (busca pelo novo), não a categoria ampla.
C — Distúrbio social: expressão vaga e não técnica; não é termo consagrado na sociologia para designar a vontade de adquirir novidades.
D — Transtorno compulsivo comportamental: patologia clínica (por exemplo, transtorno obsessivo-compulsivo) não se aplica automaticamente a toda população que consome novidades. A questão descreve um comportamento social generalizado, não um diagnóstico psiquiátrico. Observação: o comportamento de compra compulsiva existe como problema em psicologia, mas não é o alvo do enunciado.
E — Alienação: conceito marxista que descreve a separação/estranhamento do trabalhador em relação ao produto, trabalho ou sociedade; não descreve a atração por novidades de consumo.
Estratégia de prova: identifique palavras-chave do enunciado ("novidade", "apelos", "vorazes", "sociedade de consumo") e busque o termo técnico que nomeia essa inclinação. Evite confundir categorias gerais (fato social) ou termos clínicos (transtorno) com o conceito específico solicitado.
Fontes/leituras úteis: Winifred Gallagher, New; Émile Durkheim, As Regras do Método Sociológico; literatura sobre comportamento do consumidor e neofilia.
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