Questão 80687cce-b0
Prova:UNEMAT 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para a composição da peça teatral Arena conta Zumbi, de Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e Edu Lobo, foi escolhido como assunto a história de Zumbi dos Palmares, figura histórica que carrega a imagem de resistência do homem negro, escravizado no Brasil. À época, a peça trazia inovações para o teatro brasileiro na sua maneira de contar a história de Zumbi (estreou em 1º de maio de 1965 no Teatro de Arena de São Paulo), a partir do ponto de vista dos próprios escravos, ou seja, a história de Zumbi (ou Zambi) é contada pelas vozes dos escravos, incluindo o próprio Zumbi, e não somente por um narrador em terceira pessoa criado pelo escritor, como era comum nas versões trazidas pela História oficial.

Essa característica pode ser constatada no seguinte trecho da peça:

A
“− A história que o Arena conta
É a epopeia de Zumbi;
tanto pró e tanto contra
juro em Deus que nunca vi.”
B
“Olha o negro recém-chegado. Magote novo, macho e fêmea em perfeito estado de conservação. Só vendo moço e com forças. Para serviço de menos empenho tenho os mais fracos e combalido, pela metade do cobrado. Quinze mil réis o são, sete mil e quinhentos os estropiados. Escravo angolano purinho. Olham o escravo recém-chegado, magote novo, macho e fêmea cantador.”
C
“Eu vivi nas cidades no tempo das desordem. Eu vivi no meio da minha gente de tempo de revolta. Assim passei os tempo que me deram pra vivê. Eu me levantei com minha gente, comi minha comida no meio da batalha. Amei, sem ter cuidado...olhei tudo que via, sem tempo de bem ver (...) A voz da minha gente se levantou e minha voz junto com a dela. Minha voz não pode muito, mas gritá eu bem gritei. (...)”
D
“Negros de todos os lugares procuravam as matas fugindo desesperados. Horror à chibata, ao tronco, às torturas. Buscavam no desconhecido um futuro sem senhor. Enfrentavam todo o perigo. Fome, sede, veneno, flecha dos índios, capitães do mato. Agonia pela liberdade. Idéia de ser livre.”
E
“Adiante cambada, rijo nas pernas que tem caminho. Vocês até que tão com sorte cambada. Vão pras terras de D. Fernando que é homem de bom coração e nem sempre dá o trato que vocês merece. Mas comigo é bom ficar de sobreaviso. Não há escravo ladino que me passe a perna. E de riscar estas costas pretas com bacalhau, tenho até gosto. Adiante cambada, vá.”

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