Ao comentar a acusação de corrupção que
envolve o ex-presidente Lula e o apartamento tríplex do
Guarujá, o jornalista José Nêumanne finaliza fazendo
remissão a duas expressões comuns na linguagem do
brasileiro: a casa caiu e sua batata está assando. De
acordo com o contexto em que estão sendo usadas, elas
significam, respectivamente, que
A CASA CAIU
O empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da
OAS, contou ao juiz Sérgio Moro, em depoimento em
Curitiba, que o apartamento tríplex, no Guarujá, era do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que este lhe
deu ordens para destruir toda a documentação que
juntou contendo dados sobre depósitos de propinas. O
ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff, Antônio Palocci,
se dispôs a fornecer fatos, nomes, endereços e
documentos que darão trabalho por pelo menos mais de
um ano à força-tarefa da Operação Lava Jato. Ou seja, a
casa de Lula caiu e a batata dos ex-presidentes
petistas pode queimar mais cedo do que se pensava.
José Nêumanne
Comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado – FM 107,3, na
sexta-feira, 21 de abril de 2007. Disponível em: www.estadao.com.br
Acesso em maio 2017. (Adaptado)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto, com foco na compreensão de expressões idiomáticas em contexto jornalístico.
Veja como resolver: O texto emprega as expressões idiomáticas “a casa caiu” e “sua batata está assando”. Em Língua Portuguesa, expressões idiomáticas são locuções de sentido figurado e não literal (Cunha & Cintra).
- “A casa caiu” sugere que a situação de alguém foi desmascarada, descoberta ou chegou a um ponto crítico, sem mais condição de defesa.
- “Sua batata está assando” indica que alguém está prestes a enfrentar penalidades, ou seja, problemas sérios (prisão, punição, consequências).
Justificativa alternativa correta (B):
B) “A acusação de corrupção foi realizada pelo empreiteiro e a prisão pode ocorrer em breve.”
Por quê? A primeira parte traz o fato do depoimento (empreiteiro acusa o ex-presidente). Já a segunda corresponde ao sentido figurado das expressões: consequências iminentes (prisão).
Segundo Evanildo Bechara, interpretar corretamente exige considerar o todo do texto e o valor de termos figurados. Aqui, o contexto evidencia que as consequências estão próximas, porém não consumadas.
Análise das alternativas incorretas:
A) Diz que a “corrupção foi confirmada”, mas o texto só aponta investigações, não confirmação do crime.
C) Apresenta contradição: “corrupção não será confirmada”. O texto NÃO exclui essa hipótese. E afirma prisão possível (mas a primeira informação invalida a alternativa).
D) A justiça “confirmou… e prisão foi decretada” não consta no texto; apenas acusações, sem decisão judicial nem decretação de prisão.
E) “Provas foram descobertas e prisão decretada” extrapola o texto; há menção apenas a oferecimento de provas/fatos, não à sua descoberta formal ou prisão.
Fique atento: Questões desse tipo costumam induzir o candidato ao erro sugerindo ações definitivas (confirmação, decretação) quando o texto aponta apenas para possibilidade ou iminência.
Relembre: Expressão idiomática é chave. Sempre interprete-a pelo contexto, nunca de forma literal!
Referências: Bechara, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Cunha & Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo.
Gabarito: B
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