Há elementos para acreditar que, embora os
meios que o progresso técnico e científico colocou à
disposição dos homens tenha um alcance incalculável, a
capacidade de servir-se de tais meios para promover os
fins mais compatíveis com a dignidade e a felicidade
humanas é limitada. Para Descartes, a sabedoria deveria
aproximar meios e fins. Mas a experiência nos ensinou
que o progresso do saber nem sempre caminha junto
com o progresso da sabedoria e que os homens por
vezes parecem ter dificuldades para lidar com os frutos
do conhecimento: os produtos da ciência ameaçam
voltar-se contra nós.
LEOPOLDO E SILVA, Franklin. Descartes, a metafísica da
modernidade. São Paulo: Moderna, 1993. (Adaptado)
Ao criticar o modelo de ciência desenvolvido a
partir da filosofia de Descartes, o texto propõe que a
ciência deve
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: a questão trata da relação entre progresso científico/técnico e a sabedoria que orienta fins humanos. O enunciado, inspirado em Franklin Leopoldo e Silva (Descartes, a metafísica da modernidade, Moderna, 1993), critica um avanço do saber que não se traduz em progresso moral ou em respeito à dignidade e felicidade humanas.
Resumo teórico breve: Descartes valorizou o método e a razão para aproximar meios (procedimentos técnicos, conhecimento) e fins (objetivos morais, bem humano). A crítica moderna aponta que o acúmulo técnico não garante que os fins sejam legítimos — é preciso refletir sobre ética e finalidade do conhecimento.
Justificativa da alternativa C: A alternativa C afirma que a ciência deve lembrar que tanto seus meios quanto seus fins devem ter em vista a felicidade humana — exatamente o cerne do trecho: a necessidade de unir saber (meios) e sabedoria (fins compatíveis com dignidade). O texto diz que a sabedoria deveria aproximar meios e fins; logo, a proposta é orientá-los para o bem humano.
Análise das demais alternativas:
- A — redefinir seus procedimentos: parcial e vaga. O texto não pede sobretudo mudança de procedimentos, mas reorientação ética dos fins; alterar métodos não resolve o problema dos objetivos.
- B — estruturar-se sobre bases mais racionais: redundante ao pensamento cartesiano (ele já valorizava a razão). O problema apontado é falta de sabedoria moral, não ausência de racionalidade.
- D — reduzir o ritmo do progresso: leitura equivocada. O texto reconhece limites e riscos, mas não propõe frear o avanço técnico; propõe alinhar meios e fins.
- E — contestar as relações entre fins e meios: o trecho não sugere contestar essa relação; ao contrário, defende aproximá-los (corrigir ou orientar a relação).
Estratégia para resolver questões assim: procure no enunciado palavras-chave (aqui: “meios”, “fins”, “sabedoria”, “dignidade”, “felicidade”) e compare com as alternativas — prefira aquela que ecoa o sentido global do texto, evitando opções que adicionem elementos não mencionados.
Fonte citada: Franklin Leopoldo e Silva, Descartes, a metafísica da modernidade (Moderna, 1993).
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