“Em 1828 o Brasil despontava como o maior produtor mundial de café, e, ao longo da década seguinte, os valores obtidos com sua exportação ultrapassariam o que o país amealhava com o envio de açúcar ao mercado mundial. Quase toda essa produção, ademais, vinha de uma só região. O vale do rio Paraíba do Sul, ou simplesmente Vale do Paraíba, compreendendo terras das províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. (...) No início da década de 1830, o Brasil reinava como o maior produtor mundial, bem à frente dos demais competidores (Cuba, Java, Jamaica, Haiti)”.

MARQUESE, Rafael; TOMICH, Dale. O Vale do Paraíba escravista e a formação do mercado mundial de café no século XIX. In: SALLES, Ricardo; GRINBERG, Keila (org.). O Brasil Imperial, volume 2: 1831-1870. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 339-383.

Sobre as condições que permitiram o desenvolvimento da economia cafeeira no Império do Brasil e o domínio do mercado mundial pelo café produzido no Brasil, assinale a alternativa INCORRETA: 

Tema central: O desenvolvimento da economia cafeeira no Brasil Imperial e os fatores que permitiram ao país se tornar o principal produtor mundial de café, com enfoque nas condições específicas do Vale do Paraíba.

Explicação didática do tema: A expansão do café no século XIX transformou a economia brasileira. Elementos como vasta disponibilidade de terras, o uso de mão de obra escrava, infraestrutura herdada do ciclo do ouro e fatores externos favoreceram o domínio brasileiro no mercado internacional do café. O Vale do Paraíba destacou-se pelo rápido crescimento produtivo, apoiado por terras férteis e vias de transporte já estabelecidas.

Justificativa da alternativa INCORRETA (D):
A alternativa D afirma que a proibição do tráfico de escravos beneficiou a produção cafeeira do Vale do Paraíba devido ao uso mais produtivo da mão de obra imigrante. No entanto, essa afirmação é incorreta. Até o final do período escravista (1888), o Vale do Paraíba permaneceu dependente do trabalho escravo. A substituição por imigrantes só se efetivou no Oeste Paulista, já na segunda metade do século XIX. Leis como a Eusébio de Queirós (1850) proibiram o tráfico, mas não aboliram imediatamente a escravidão nem aumentaram a produtividade com imigrantes no Vale do Paraíba.

Análise das alternativas corretas:

A) Correta. A grande disponibilidade de terras férteis e a pouca distribuição inicial permitiram grandes plantações cafeeiras.
B) Correta. A Revolução do Haiti desorganizou a produção de café local, abrindo espaço para outros países, como o Brasil, liderarem o mercado.
C) Correta. Rotas já utilizadas no ciclo do ouro foram reaproveitadas para escoar o café rumo aos portos, facilitando a exportação.
E) Correta. Conflitos fiscais entre Espanha e Estados Unidos prejudicaram a entrada do café cubano no mercado americano nos anos 1830, favorecendo o Brasil.

Estratégia de prova: Fique atento a generalizações (“beneficiou”, “sempre”, “muito mais produtiva”), datas e transições históricas. Muitas vezes as questões trazem pequenas inversões temporais ou afirmam consequências que, na história, não ocorrem de modo imediato ou universal.

Referências: Rafael Marquese, Dale Tomich, Boris Fausto ("História do Brasil"). Teorias e dados ajudam a identificar incoerências, como o uso indevido de imigrantes em regiões antes da abolição.

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