Conforme um dos significados de cultura pelo Dicionário Aurélio, destaca-se “O
complexo de padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de
outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos
de uma sociedade e civilização”. Dessa maneira, a arte é uma forma de
expressão cultural de todas as sociedades. Assim, é correto afirmar que:
I. A arte romana era dotada de grande independência e originalidade em relação
aos modelos artísticos de outras civilizações, caracterizada pelo naturalismo.
II. Muitas manifestações artísticas gregas expressavam valores religiosos. Os
templos eram as principais construções e muitas esculturas representavam
deuses. Os escultores procuravam reproduzir com fidelidade a anatomia do corpo
humano.
III. Os historiadores dividiram o Renascimento na península itálica, em três
períodos: trecento, quattrocento e cinquecento. A característica marcante do
quattrocento encontra-se na necessidade de expressar, através da pintura, a
realidade social dos pobres.
IV. Ainda no final do Segundo Reinado, começou a tomar corpo na literatura
brasileira um tema que depois seria importantíssimo para a afirmação da arte
nacional: o Regionalismo.
Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: D — Apenas II e IV estão corretas.
Tema central: a questão trata da arte enquanto expressão cultural: é preciso reconhecer traços das artes grega, romana, do Renascimento italiano e da literatura brasileira para julgar afirmações históricas.
Resumo teórico essencial
Arte grega: centrada em valores religiosos e cívicos; templos como espaço sagrado; escultores buscaram idealização e fidelidade anatômica (períodos arcaico, clássico, helenístico). Fontes: Gombrich; Janson.
Arte romana: profundamente eclecticista e influenciada pelos modelos gregos; empregou realismo de retrato (verismo) e funções públicas/propagandísticas — não é obra de “grande independência” frente ao grego. Ver: Kleiner / Gardner.
Renascimento italiano: dividido por historiadores em trecento (séc. XIV), quattrocento (séc. XV) e cinquecento (séc. XVI). O quattrocento florentino enfatiza a recuperação dos cânones clássicos, perspectiva e humanismo, não a pintura da “realidade social dos pobres” (essa preocupação social surge mais tarde, em movimentos como Realismo e naturalismos posteriores).
Regionalismo na literatura brasileira: temas regionais começaram a ganhar força já no final do Segundo Reinado e sobretudo na transição para a República, preparando a afirmação de uma arte nacional regionalista no século XX (ex.: leituras sobre José de Alencar, Aluísio Azevedo e o avanço do naturalismo/realismo).
Justificativa da resposta (por que D):
Afirmativa II é correta — descreve com precisão a função religiosa dos templos gregos e o esforço anatômico dos escultores. Afirmativa IV é correta — o interesse por temas regionais na literatura começa a se estruturar no final do Segundo Reinado, prenunciando o fortalecimento do Regionalismo.
Por que I e III são falsas:
I — incorreta porque a arte romana não foi totalmente independente/original; foi fortemente influenciada pela grega e marcada por pragmatismo e funcionalidade, embora apresentasse realismo de retratos.
III — incorreta porque o quattrocento não se caracteriza por representar prioritariamente a “realidade social dos pobres”; seu foco é o humanismo, proporção, perspectiva e revalorização da antiguidade clássica. A atenção à realidade social aparece mais tarde.
Dica de prova: identifique termos absolutos (ex.: “grande independência”, “necessidade de expressar… os pobres”) — costumam sinalizar afirmações problemáticas. Relacione cada alternativa a características históricas conhecidas (função, estilo, contexto cronológico).
Fontes sugeridas: E. H. Gombrich, The Story of Art; F. Janson, History of Art; Gardner's Art Through the Ages; Enciclopédia Barsa (seção Literatura Brasileira).
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