Questão 7cff1895-e3
Prova:UEM 2013, UEM 2013, UEM 2013
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O poema expressa a bondade animal em contraste com a maldade do ser humano. Enquanto a lã do carneiro “guarda as carnes dos que estão com frio”, o comportamento humano é o de “vender as carnes [do carneiro] por dinheiro”. O assassinato do animal indica o rebaixamento moral do ser humano, que é capaz de matar um ser inocente para obter lucros financeiros.

Assinale o que for correto sobre o poema abaixo e seu autor, Augusto dos Anjos.

A um carneiro morto
Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!

Maldito seja o mercador vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois, tua lã aquece o mundo inteiro
E guarda as carnes dos que estão com frio!

Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos – fontes de perdão – perdoaram!

Oh! Tu que no Perdão eu simbolizo,
Se fosses Deus, no Dia do Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!

(ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 63.) 

C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

B
Bruno MendesMonitor do Qconcursos

Gabarito Comentado – Interpretação de Texto e Figuras de Linguagem em “A um carneiro morto”

Tema central: A questão exige interpretação de texto, com foco na análise temática, semântica e no reconhecimento de figuras de linguagem utilizadas pelo poeta Augusto dos Anjos para criticar o comportamento humano diante dos animais.

Justificativa para a alternativa correta (C):

A análise se fundamenta em três pilares essenciais:

  • Interpretação: O poema opõe claramente a bondade inocente do carneiro à maldade lucrativa do ser humano. Termos como “misericordiosíssimo carneiro” e o perdão concedido “ao monstro que espremeu teu sangue grosso” (personificação) evidenciam a generosidade animal em contraste com a crueldade humana.
  • Semântica: Palavras como “maldito” e “mercador vadio” reforçam o juízo negativo sobre o humano, enquanto a ação de “guardar as carnes dos que estão com frio” ilumina o valor sacrificial e solidário do animal.
  • Figuras de linguagem: O carneiro é personificado, recebendo traços humanos, capazes de perdoar, e a metáfora do “monstro” para o carrasco do animal intensifica a crítica à barbárie humana.

Segundo Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), a correta leitura de textos exige observar nuances e intenções implícitas, presentes no simbolismo que o autor explora.

Análise da alternativa incorreta (E):

Se a alternativa “errado” fosse marcada, demonstraria desconhecimento da mensagem central. Não há no poema elogio ao homem nem neutralidade quanto ao ato de matar; ao contrário, há crítica severa, reforçada no trecho: “o comportamento humano é o de ‘vender as carnes por dinheiro’”. Ignorar esse contraste entre o sublime animal e a degradação humana é erro clássico de leitura superficial.

Estratégia para acertar questões assim:

  • Identifique o tema central (muitas vezes explícito pelo contraste ou ironia empregada).
  • Observe palavras-chave e expressões de valor simbólico ou afetivo.
  • Reconheça figuras de linguagem que redirecionam o sentido literal para o sentido crítico/metafórico.

Resumo: O poema utiliza a inocência do animal como símbolo de humanidade e condena o rebaixamento moral do homem pelo interesse material. Esta leitura está abonada pela gramática normativa e por manuais oficiais, que recomendam sempre priorizar o sentido global do texto, sem se deter isoladamente nas frases.

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