Questão 7cf5cd7f-ea
Prova:IFAL 2019
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
No livro intitulado “A poesia lírica”, a autora Angélica
Soares afirma que o “lirismo é uma maneira especial de
recorte do mundo e de arranjo de linguagem” e, também,
que o “fenômeno lírico [...] responde a um certo ‘horizonte
possível’, determinado pelo seu tempo e contexto”, sendo
“preciso perseguir as relações entre expressão lírica e
história, observando seus modos de expressão nos vários
momentos.” (SOARES, Angélica. A poesia lírica. São Paulo:
Ática, 1986, p. 7 e 61) Quanto às características do lirismo que caracteriza a produção literária do autor do texto III,
assinale a alternativa que traz uma informação ERRADA.
No livro intitulado “A poesia lírica”, a autora Angélica
Soares afirma que o “lirismo é uma maneira especial de
recorte do mundo e de arranjo de linguagem” e, também,
que o “fenômeno lírico [...] responde a um certo ‘horizonte
possível’, determinado pelo seu tempo e contexto”, sendo
“preciso perseguir as relações entre expressão lírica e
história, observando seus modos de expressão nos vários
momentos.” (SOARES, Angélica. A poesia lírica. São Paulo:
Ática, 1986, p. 7 e 61) Quanto às características do lirismo que caracteriza a produção literária do autor do texto III,
assinale a alternativa que traz uma informação ERRADA.
Considere os textos abaixo para
responder à questão.
I)
Consolo na praia (Carlos Drummond de Andrade)
Vamos, não chores
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não está perdida.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
[...](ADNRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética.
39. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 26)
II)
Velha chácara (Manuel Bandeira)
A casa era por aqui...
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.
Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinquenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida... nos desenganos...)
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa...
– Mas o menino ainda existe.
(BANDEIRA, Manuel. Lira dos cinquent’anos. In: Bandeira de bolso:uma antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2008, 111-112.)
III)
Quarenta anos (Olavo Bilac)
Sim! Como um dia de verão, de acesa
Luz, de acesos e cálidos fulgores,
Como os sorrisos da estação das flores,
Foi passando também tua beleza.
Hoje, das garras da descrença presa,
Perdes as ilusões. Vão-se-te as cores
Da face. E entram-te n’alma os dissabores,
Nublam-te o olhar as sombras da tristeza.
Expira a primavera. O sol fulgura
Com o brilho extremo... E aí vêm as noites frias,
Aí vem o inverno da velhice escura...
Ah! pudesse eu fazer, novo Ezequias,
Que o sol poente dessa formosura
Volvesse à aurora dos primeiros dias!(BILAC, Olavo. Poesias. São Paulo:
Martin Claret: 2006, p. 70.)
IV)
Adeus, meus sonhos! (Álvares de Azevedo)
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
A minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus? morra comigo
A estrela de meus cândidos amores
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!(AZEVEDO, Álvares. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martin Claret,
2007, p. 224.)
Considere os textos abaixo para
responder à questão.
I)
Consolo na praia (Carlos Drummond de Andrade)
Vamos, não chores
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não está perdida.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não está perdida.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
[...]
(ADNRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética.
39. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998, p. 26)
II)
Velha chácara (Manuel Bandeira)
A casa era por aqui...
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.
Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinquenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida... nos desenganos...)
A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa...
– Mas o menino ainda existe.
(BANDEIRA, Manuel. Lira dos cinquent’anos. In: Bandeira de bolso:uma antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2008, 111-112.)
III)
Quarenta anos (Olavo Bilac)
Sim! Como um dia de verão, de acesa
Luz, de acesos e cálidos fulgores,
Como os sorrisos da estação das flores,
Foi passando também tua beleza.
Luz, de acesos e cálidos fulgores,
Como os sorrisos da estação das flores,
Foi passando também tua beleza.
Hoje, das garras da descrença presa,
Perdes as ilusões. Vão-se-te as cores
Da face. E entram-te n’alma os dissabores,
Nublam-te o olhar as sombras da tristeza.
Perdes as ilusões. Vão-se-te as cores
Da face. E entram-te n’alma os dissabores,
Nublam-te o olhar as sombras da tristeza.
Expira a primavera. O sol fulgura
Com o brilho extremo... E aí vêm as noites frias,
Aí vem o inverno da velhice escura...
Com o brilho extremo... E aí vêm as noites frias,
Aí vem o inverno da velhice escura...
Ah! pudesse eu fazer, novo Ezequias,
Que o sol poente dessa formosura
Volvesse à aurora dos primeiros dias!
Que o sol poente dessa formosura
Volvesse à aurora dos primeiros dias!
(BILAC, Olavo. Poesias. São Paulo:
Martin Claret: 2006, p. 70.)
IV)
Adeus, meus sonhos! (Álvares de Azevedo)
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
A minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
À sina doida de um amor sem fruto,
A minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus? morra comigo
A estrela de meus cândidos amores
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
A estrela de meus cândidos amores
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
(AZEVEDO, Álvares. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martin Claret,
2007, p. 224.)
A
O poeta cultivou o gosto pela harmonia rítmica do
verso neoclássico, de melodia linear.
B
Trata-se de obra em que o esmero formal, a presença
da descrição e o apelo sensual constituem
ferramentas para a composição dos textos.
C
Avesso às inovações modernas, Bilac preferiu o rigor
da métrica, da rima e dos esquemas rítmicos
tradicionais, tendo cultivado, nos sonetos, a chamada
“chave de ouro”.
D
O lirismo bilaquiano busca, por exemplo, a exaltação
da pátria, a beleza física da mulher e os assuntos de
tom crepuscular e saudosista.
E
Na poesia de Bilac, convivem harmoniosamente o
rebuscamento formal próprio dos melhores poetas
barrocos e o frescor do verso livre frequente nos
poemas dos modernistas, de que resulta a riqueza
estética de sua obra.






