Conforme o ponto de vista do entrevistado, a compreensão do termo “liberdade”, abarca:
As questão se refere ao texto II
Texto II
Leia o trecho da entrevista ao Le Diplomatique, concedida pelo rapper brasileiro Emicida,
quando questionado sobre o seu papel como artista:
EMICIDA - Talvez minha cruz seja a liberdade. Tenho um bagulho selvagem. Livre e selvagem, e não
estou contando com a compreensão dos outros. No momento que precisávamos romper com a
tradição, rompemos, sem medo de ser feliz ou triste.
[...]
Não chamo a liberdade de cruz por ser ruim, mas a atmosfera do nosso país faz com que a liberdade
seja uma parada amaldiçoada quando um preto é livre. Quando você é preto, precisa cumprir com
alguns requisitos básicos para ser interpretado como ser humano. As pessoas têm um estereótipo, e
se você quebra isso, elas se julgam no direito de colocar o dedo na sua cara.
[...]
A vida inteira estamos cantando sobre ascensão, quebrar as barreiras e mostrar como a vitória também
pode ser possível. Corta para 2017. Um bando de cabaço do MBL (Movimento Brasil Livre) pega uma foto
minha em um evento de gala e coloca: “usa um terno de R$ 15 mil e isso é uma grande contradição no
discurso dele”. No imaginário dessas e de várias pessoas que corroboram com essa palhaçada, o lugar
do preto está definido. Eles nunca se incomodam ao ver um preto na calçada, jogado no lixo, andando
pelado, louco na rua ou amontoado em cadeia. Mas quando vê um preto ganhando troféu de “Homem
do ano”, com um terno foda, nesse momento consigo ler claramente que a liberdade ofende. Quando
damos um passo rumo ao SP Fashion Week, com pretos em toda cadeia de produção, da costureira
da Vila Brasilândia a modelo que desfilou, move toda estrutura, e no momento que colocamos esses
pretos vivos na capa de todos os jornais do Brasil, as pessoas falam que estamos cobrando caro nas
roupas da Laboratório Fantasma… É gente que não faz a menor ideia do que é a nossa história, do que
nós falamos, da cadeia que movemos. Na cabeça delas, nosso destino é ser miserável. Não temos o
direito de cobrar o que achamos que nosso trabalho vale. Mas aí eu me apego à minha liberdade. Eu
quero é que se foda.
Disponível em: https://diplomatique.org.br/me-preocupa-o-fato-de-a-poesia-precisar-ser-obvia-pra-caralho-emicida/
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto, com ênfase em coerência textual e semântica. O aluno deve compreender a ideia principal do depoimento de Emicida sobre liberdade e seu significado sociocultural.
Justificativa da alternativa correta (B):
Segundo a norma-padrão e os princípios de interpretação textual, identificar a ideia central significa localizar os elementos de valorização e a crítica social presente nas falas do artista. Emicida redefine o conceito de liberdade a partir de vivências e ruptura de estereótipos impostos aos negros, mencionando a necessidade de ocupar espaços e mostrar que o sucesso também pertence à população negra. Destaca, ainda, a importância de valorizar a cultura e a história negras, aliada à crítica contra a sociedade que limita o direito a esse reconhecimento. Por isso, a alternativa “B” é a correta: ela abarca a essência do discurso ao referir-se à valorização da cultura produzida pelos negros no contexto nacional.
Análise das alternativas incorretas:
- A) “Busca pelo reconhecimento público por meio das redes sociais.”
O texto não trata de redes sociais nem foca em busca de fama digital, mas sim na luta social e histórica por valorização. - C) “Continuidade dos artistas que o precederam.”
O rapper afirma romper com tradições, não manter continuidade, logo a alternativa não se adéqua ao contexto. - D) “Necessidade de aceitação e compreensão do público.”
Emicida declara explicitamente “não estou contando com a compreensão dos outros”, indicando que sua arte prescinde da aceitação pública.
Dicas de prova e estratégia: Fique atento a palavras-chave que indicam a tese ou crítica central do texto. Evite se deixar levar por opções que distorcem pontos secundários ou apresentam informações não mencionadas.
Fundamentação em autores: Autores como Ingedore Villaça Koch ressaltam a importância da coerência: toda afirmação textual deve fazer sentido frente ao todo e permitir ao leitor decisões interpretativas bem embasadas.
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