“Os ibéricos trouxeram para a América sua
própria concepção de mundo. (...) Os hábitos e
costumes dos indígenas foram vistos e julgados a
partir da visão de mundo do europeu, por isso foram
considerados como inferiores e expressão da infra-humanidade, e assim, destinados por natureza a
servir os seus novos senhores”.
Adaptação de (ZEA, Leopoldo. 12 de Octubre de 1492
¿Descubrimiento o Encubrimiento? In: ZEA, Leopoldo. El
Desubrimiento de América y su sentido Actual. México: Tierra
Firme, 1989. Adaptado)
Com base nas afirmações de Leopoldo Zea,
assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa D
Tema central: a questão trata da visão de mundo europeia (cultural-religiosa) que legitimou a subjugação e exploração dos povos indígenas na América colonial. Entender conceitos como justificativa religiosa, etnocentrismo e formas de trabalho forçado é essencial.
Resumo teórico: A expansão ibérica (séc. XV–XVI) foi acompanhada por argumentos religiosos e jurídicos — papais (Inter caetera, 1493) e práticas como o Requerimiento (1513) — que legitimaramm a conquista e evangelização. Os europeus julgaram as culturas indígenas como “inferiores”, o que serviu de base para impor trabalho forçado (encomienda, repartimiento, entradas, aldeamentos) e outras formas de dominação. Leopoldo Zea enfatiza essa leitura cultural da conquista: a imposição do modelo europeu sobre sociedades diversas.
Justificativa da alternativa D: D sintetiza corretamente a ideia de Zea: a concepção cristã-europeia classificou os indígenas como “selvagens” e assim justificou sua subjugação e inclusão forçada em sistemas produtivos alheios às suas práticas. Cita a justificativa religiosa e o efeito cultural (etnocentrismo) que legitima o trabalho compulsório — exatamente o argumento do texto base.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: nega a influência cultural-religiosa. Na prática, essa influência foi central para organização das relações de trabalho e dominação.
B — incorreta: afirma que indígenas nunca foram escravizados no Brasil. Há registros de trabalho compulsório e formas de escravização indígena especialmente no século XVI (explorações, entradas, sistemáticas de aldeamento; leis e práticas variaram, mas não se pode afirmar “nunca”).
C — incorreta: iguala destinos de negros e indígenas até 1888. Embora africanos e seus descendentes tenham sofrido escravidão legalmente até 1888 (Lei Áurea), os indígenas foram submetidos a regimes diferentes e regionais de exploração desde o início da colonização, com distinções legais e práticas.
E — incorreta: equipara escravismo antigo ao colonial brasileiro e diz que modo de produção era capitalista. Trata-se de erro conceitual: o escravismo antigo (cidade-estado, Roma, Grécia) e o escravismo colonial têm diferenças econômicas, sociais e temporais; o Brasil colonial não pode ser reduzido mecanicamente a um “modo de produção capitalista” nessa afirmação.
Dica de prova: busque palavras-chave no enunciado: “visão de mundo”, “justificou”, “inferior/selvagem”, “imposição”. Essas pistas revelam argumentos sobre etnocentrismo e justificativas religiosas — caminho seguro para a resposta.
Fontes indicadas: Leopoldo Zea, El Descubrimiento de América y su sentido Actual; documentos coloniais como o Requerimiento (1513) e a bula Inter caetera (1493); Lei Áurea (13/05/1888).
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