Consideremos o campo da epistemologia contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar que a
posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à concepção científica de Karl
Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: confronto entre duas concepções de ciência na epistemologia contemporânea — o falsificacionismo de Karl Popper e a teoria dos paradigmas de Thomas Kuhn. É preciso entender como cada autor descreve o progresso científico (refutação contínua vs. fases de “ciência normal” e revoluções).
Resumo teórico (essencial):
- Popper: a ciência avança por conjecturas e refutações; uma teoria científica deve ser falsificável (The Logic of Scientific Discovery, 1934). - Kuhn: descreve ciclos: ciência normal (resolução de puzzles dentro de um paradigma) → acumulação de anomalias → crise → revolução científica → mudança de paradigma (The Structure of Scientific Revolutions, 1962). Kuhn critica a visão de progresso linear por refutações contínuas.
Por que A está certa: A capta o ponto central: Kuhn contrapõe-se a Popper ao negar que o progresso científico ocorra primariamente por refutação permanente. Para Kuhn, a continuidade da tradição intelectual é garantida pelo paradigma — um conjunto de práticas, pressupostos e problemas exemplares — que orienta a ciência normal.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta: Kuhn não absorve a refutabilidade de Popper; pelo contrário, ele descreve comportamentos científicos que mostram resistência à refutação até a emergência de uma crise. Também não reduz a ciência à mera justificação que garante “verdade”.
C — Incorreta: afirma que Kuhn “não poderia opor‑se” a Popper e que sua tentativa é harmonizar — isso distorce: Kuhn propõe uma descrição histórica e sociológica dos cientistas que contraria a norma popperiana; Lakatos tentou conciliar, não Kuhn.
D — Incorreta: identificar Kuhn como “anarquista epistemológico” é erro — esse rótulo cabe a Paul Feyerabend. Kuhn não diz que teorias são apenas “úteis” no sentido pragmático extremo; fala de mudança de visão de mundo e incommensurabilidade.
E — Incorreta e equívoca: Kuhn não toma o princípio da incerteza de Heisenberg como paradigma central nem promove um “irracionalismo”. Essa alternativa mistura conceitos de física com leitura histórica inadequada — além de ser a fonte de muitos erros conceituais.
Dica de prova: busque termos-chave (refutação/falsificabilidade; paradigma; ciência normal; revolução). Alternativas que misturam autores ou atribuem posições extremas costumam ser pegadinhas.
Fontes sugeridas: T. Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions (1962); K. Popper, The Logic of Scientific Discovery (1934).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!
Estatísticas
Aulas sobre o assunto
- •






