“Até o século XIX o desenvolvimento da ciência tinha sido tão grande que o homem estava convencido da excelência do método científico para conhecer a realidade. (...) Esse otimismo era generalizado, exaltando a capacidade de transformação humana em direção a um mundo melhor./ No entanto, ainda no século XIX, algumas descobertas golpearam rudemente as concepções clássicas, originando o que se pode chamar de crise da ciência moderna” .(ARANHA, M.L./ MARTINS, M. H. P. Filosofando – Introdução à Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1993.).

A quais descobertas o texto acima se refere? Assinale a alternativa correta.

Resposta correta: Alternativa C — o positivismo de Comte e o evolucionismo de Spencer.

Tema central: a “crise da ciência moderna” no século XIX refere‑se à perda de autoridade das explicações clássicas e ao surgimento de novas correntes que reconfiguraram a confiança no conhecimento científico e na ideia de progresso linear. Para responder, é preciso identificar movimentos intelectuais do século XIX que alteraram a visão do sujeito e da ciência.

Resumo teórico: no pensamento moderno o sujeito confia no método científico como caminho para o conhecimento e melhoria social. No século XIX, duas correntes exerceram papel decisivo: o positivismo (Auguste Comte) que valorizou a ciência empírica como única forma legítima de conhecimento e descartou metafísica; e o evolucionismo social/natural (Herbert Spencer, influenciado por Darwin) que dissolveu fixidez das essências e introduziu explicações históricas e biológicas para o social e moral. Juntas, essas correntes mudaram as bases de justificativa do saber e a concepção de sujeito.

Justificativa da alternativa C: o enunciado fala de transformações do século XIX que abalaram concepções clássicas. Comte e Spencer representam precisamente essas transformações filosóficas e científicas — não meras “descobertas técnicas”, mas mudanças de paradigma epistemológico que geraram a chamada crise da ciência moderna (veja Aranha & Martins, 1993, citado no enunciado).

Análise das alternativas incorretas: A — geometrias não‑euclidianas e física não‑newtoniana: embora geometrias não‑euclidianas surjam no século XIX, a grande ruptura física (relatividade/quântica) é do século XX; a alternativa mistura bem conceitos, mas não corresponde ao foco do enunciado. B — geometria euclidiana e física newtoniana: são as concepções clássicas anteriores, portanto não são “descobertas” que causaram a crise; são justamente o quadro abalado. D — mecanicismo de Laplace e determinismo de Comte: Laplace representa o determinismo clássico, e Comte não é propriamente “determinista” no sentido de causar a crise; a opção confunde forças conservadoras com as que geraram a crise. E — geocentrismo de Galileu e heliocentrismo de Copérnico: anacronismo e inversão histórica (Copérnico antes de Galileu); além disso são eventos renascentistas, não do século XIX.

Dica de interpretação: procure no enunciado pistas temporais (“ainda no século XIX”) e semânticas (“crise da ciência moderna”) — isso indica mudanças epistemológicas e correntes de pensamento do século XIX, não descobertas astronômicas renascentistas nem rupturas físicas do século XX. Elimine alternativas anacrônicas ou que descrevem o paradigma pré‑crise.

Fontes sugeridas: Aranha & Martins, Filosofando (1993); textos clássicos de Comte (Curso de Filosofia Positiva) e Spencer (Princípios da Biologia); Darwin, A Origem das Espécies (contexto histórico).

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