Analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.

I. Hoje, a arte já pode ser pensada dentro de uma teoria da linguagem. Portanto, não se trata mais de pensar a filosofia da arte, visando alcançar uma ideia de arte, mas de analisar uma teoria da arte, isto é, um conceito de arte.

II. Hoje, tanto o criador quanto o receptor – artista e intérprete de textos estéticos – devem ser “iniciados” nos códigos e técnicas utilizadas pelo jogo de produção artística. Por isso é que se diz que a arte contemporânea é uma arte “para iniciados”.

III. A obra de arte, hoje, permanece falando sobre os símbolos da experiência vivida do homem, expressando a ligação imediata entre a consciência humana e a transcendência. O fio condutor dessa experiência estética é o “vivido coletivo”, isto é, aquela encantação que nos põe em contato com o ponto mais elevado da nossa compreensão do sentido da vida e da morte.

IV. A construção artística, hoje, pode ser discutida e analisada em termos de uma teoria dos signos ou de uma teoria do discurso. Neste caso, um objeto pode ser considerado artístico quando é portador de um “discurso de arte”.

Resposta correta: C — Apenas I, II e IV

Tema central: aqui avalia-se a mudança de foco na filosofia da arte moderna/contemporânea: da busca de uma essência transcendente da obra (estética clássica/romântica) para abordagens que tratam a arte como linguagem, signo, discurso e prática institucional. Conhecimentos úteis: linguistic turn, teoria dos signos (Eco, Barthes), teoria institucional da arte (Danto, Dickie) e críticas à ideia de experiência estética imediata.

Resumo teórico rápido: I. Linguistic turn e estética analítica consideram a arte como prática discursiva/linguística; pensa‑se o conceito de arte mais que uma essência metafísica (Danto: "artworld"). IV. A semiologia (Eco) e a teoria do discurso interpretam obras como portadoras de signos e sentidos; a condição de "arte" envolve um contexto discursivo/institucional. II. A exigência de conhecimento prévio — códigos, referências e institucionalização — explica a percepção de que parte da arte contemporânea é destinada a iniciados. III. A ideia de obra como ligação imediata com transcendência e "vivido coletivo" remete ao romantismo/fenomenologia e não descreve adequadamente as tendências contemporâneas que problematizam essa imediatez.

Justificativa da alternativa C: I é correta porque a discussão contemporânea frequentemente deslocou-se para teorias da linguagem/conceito de arte (Danto, Dickie). II é correta ao reconhecer a necessidade de conhecimentos codificados para entender muitas obras contemporâneas (contexto e “artworld”). IV é correta pois a semiótica e a teoria do discurso são leituras comuns hoje: um objeto torna‑se “obra” dentro de um discurso/ prática institucional. Logo, I + II + IV estão corretas.

Análise das incorretas: III — incorreta. Afirma uma continuidade da função transcendente e imediata da obra (vivido coletivo, encantação). Essa concepção é típica do romantismo/estética clássica, não das leituras contemporâneas que enfatizam construção discursiva, historicidade e mediação institucional; portanto a afirmação é inadequada.

Estrategia para provas: repare em termos absolutos ("hoje", "permanece falando") e em pistas teóricas: referências a linguagem/signos → semiologia; "iniciados" → institucional/artworld; aura/transcendência → romantismo/Benjamin—use esses marcadores para classificar assertivas rapidamente.

Fontes indicadas: Arthur Danto, The Transfiguration of the Commonplace; George Dickie, Art and the Aesthetic; Umberto Eco, A Obra Aberta / Teoria da Semiótica.

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