O fragmento de texto, logo abaixo, é de Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo como referência
seus conhecimentos sobre o tema, e julgue as assertivas que o seguem, apontando a(s) correta(s).
“Todo filosofar moderno está política e policialmente limitado à aparência erudita, por governos, igrejas,
academias, costumes, modas, covardias dos homens: ele permanece no suspiro: ‘mas se...’ ou no
reconhecimento: ‘era uma vez...’ A filosofia não tem direitos; por isso, o homem moderno, se pelo menos
fosse corajoso e consciencioso, teria de repudiá-la e bani-la. Mas a ela poderia restar uma réplica e dizer:
‘Povo miserável! É culpa minha se em vosso meio vagueio como uma cigana pelos campos e tenho de me
esconder e disfarçar, como se eu fosse a pecadora e vós, meus juízes? Vede minha irmã, a arte! Ela está
como eu: caímos entre bárbaros e não sabemos mais nos salvar.” (NIETZSCHE, F. A Filosofia na época
trágica dos gregos. – aforismo 3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os Pensadores).
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, afirmando que ela afastou-se da vida, refugiando-se num
universo de abstração e deduções lógicas, criando falsos dualismos, como o de corpo e alma,
mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro.
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de humanismo que irá definir sua filosofia como “estética de
si”. O par conceitual, dionisíaco (Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do caos) e apolíneo
(Apolo é o Deus da luz, da forma, da harmonia e da ordem), mostra a herança socrática. Da luta e do
equilíbrio final desses dois elementos opostos, surge o pensamente nietzschiano como saber da vida
e da morte, como expressão do enigma da existência.
III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o martelo” nietzschiano: o “imperativo categórico”, isto
é, a lei universal que deve guiar as ações humanas, é para Nietzsche uma ficção que provém do
domínio da razão sobre os instintos humanos, sendo a lei de um homem descarnado e cristianizado.
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra de Nietzsche. Indica-nos as relações de força
que se desenrolam em todo acontecer, assinalando seu método histórico. Assim, Nietzsche pensa o
tempo de acordo com uma concepção própria, um tempo não-linear, que se desenvolve em ciclos
que se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro conceito-chave de sua obra.
O fragmento de texto, logo abaixo, é de Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo como referência seus conhecimentos sobre o tema, e julgue as assertivas que o seguem, apontando a(s) correta(s).
“Todo filosofar moderno está política e policialmente limitado à aparência erudita, por governos, igrejas, academias, costumes, modas, covardias dos homens: ele permanece no suspiro: ‘mas se...’ ou no reconhecimento: ‘era uma vez...’ A filosofia não tem direitos; por isso, o homem moderno, se pelo menos fosse corajoso e consciencioso, teria de repudiá-la e bani-la. Mas a ela poderia restar uma réplica e dizer: ‘Povo miserável! É culpa minha se em vosso meio vagueio como uma cigana pelos campos e tenho de me esconder e disfarçar, como se eu fosse a pecadora e vós, meus juízes? Vede minha irmã, a arte! Ela está como eu: caímos entre bárbaros e não sabemos mais nos salvar.” (NIETZSCHE, F. A Filosofia na época trágica dos gregos. – aforismo 3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os Pensadores).
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, afirmando que ela afastou-se da vida, refugiando-se num universo de abstração e deduções lógicas, criando falsos dualismos, como o de corpo e alma, mundo e Deus, mundo aparente e mundo verdadeiro.
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de humanismo que irá definir sua filosofia como “estética de si”. O par conceitual, dionisíaco (Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do caos) e apolíneo (Apolo é o Deus da luz, da forma, da harmonia e da ordem), mostra a herança socrática. Da luta e do equilíbrio final desses dois elementos opostos, surge o pensamente nietzschiano como saber da vida e da morte, como expressão do enigma da existência.
III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o martelo” nietzschiano: o “imperativo categórico”, isto é, a lei universal que deve guiar as ações humanas, é para Nietzsche uma ficção que provém do domínio da razão sobre os instintos humanos, sendo a lei de um homem descarnado e cristianizado.
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra de Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se desenrolam em todo acontecer, assinalando seu método histórico. Assim, Nietzsche pensa o tempo de acordo com uma concepção própria, um tempo não-linear, que se desenvolve em ciclos que se repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro conceito-chave de sua obra.
Gabarito comentado
Gabarito: E — Apenas I, III e IV
Tema central: interpretações essenciais do pensamento nietzschiano: crítica à filosofia moderna, a oposição entre vida e abstração, a crítica à moral kantiana/cristã, a noção de vontade de potência e o eterno retorno. Conhecer obras-chave ajuda: A Origem da Tragédia (Filosofia na época trágica dos gregos), Crepúsculo dos Ídolos, Genealogia da Moral e A Gaia Ciência.
Análise das assertivas
I — Verdadeira. Nietzsche critica a filosofia que se distancia da vida e cria dualismos (mundo aparente/verdadeiro, corpo/alma), fruto do platonismo e do cristianismo, favorecendo abstrações que empobrecem a existência concreta (cf. A Origem da Tragédia).
II — Falsa. Nietzsche não vê em Sócrates um modelo humanista a definir sua filosofia como “estética de si”. Pelo contrário, critica o socratismo como excesso de racionalidade e sinal de decadência. Os conceitos apolíneo/dionisíaco explicam tensões na tragédia grega, não celebram Sócrates (cf. A Origem da Tragédia).
III — Verdadeira. Kant e a moral do dever (imperativo categórico) são alvo da crítica nietzschiana: ele considera a moral racional-universal como expressão de dominação da razão sobre os instintos e de valores cristianizados, tema explorado com vigor em Genealogia da Moral e no método “com martelo”.
IV — Verdadeira. A vontade de potência aparece como chave para entender relações de força e interpretação histórica; o eterno retorno traduz uma concepção de tempo recorrente e avaliativa da vida (A Gaia Ciência / fragmentos posteriores).
Estratégia para provas: identifique termos-núcleo (ex.: Sócrates, vontade de potência, imperativo categórico) e relacione-os com a obra em que Nietzsche os discute; desconfie de alternativas que invertam a crítica de Nietzsche (celebração vs. denúncia).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!
Estatísticas
Aulas sobre o assunto
- •






