Em “Sem que o sintamos correr.” (2a
estrofe), o termo sublinhado refere-se a
Leia o poema do escritor português Fernando Pessoa para
responder à questão.
Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.
(Obra poética, 1997.)
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de texto, com foco em coesão referencial e uso de pronomes oblíquos átonos. O ponto fundamental é entender como o pronome “o” retoma um termo do contexto anterior, favorecendo a unidade e clareza do poema.
Análise e justificativa da alternativa correta (B – “tempo”):
No verso “Sem que o sintamos correr”, o termo sublinhado “o” é um pronome pessoal oblíquo átono, funcionando como objeto direto de “sentir”. Segundo a norma-padrão (cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa), este pronome substitui naturalmente um substantivo masculino singular já mencionado. Ao reler a estrofe:
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.
Percebe-se diretamente que “o” faz referência a “tempo”, pois é o tempo que pode morrer, renascer e “correr” (no sentido de passar). Logo, B) “tempo” é a resposta certa!
Análise das alternativas incorretas:
- A) “correr”: O pronome oblíquo nunca retoma verbos, apenas substantivos (Bechara/Cunha & Cintra). “Correr” não pode ser objeto de “sentir” dessa forma.
- C) “país”: Apesar de citado antes, não possui relação semântica com “correr” e já está distante do contexto na estrofe analisada.
- D) “amor”: Surge em estrofe diferente e não é compatível com o sentido de “sentir correr”.
- E) “sonho”: Também se encontra em outro momento do poema e não encaixa semanticamente em “sentimos correr”.
Dica de preparação:
Ao identificar pronomes sem referência clara, retorne sempre ao substantivo masculino singular mais próximo anteriormente citado e verifique se há relação de sentido com o verbo que o acompanha. Essa estratégia reduz o risco de cair em pegadinhas de interpretação!
Resumo da regra: Pronomes oblíquos (“o”, “a”, “os”, “as”) substituem apenas substantivos e garantem coesão textual (Cunha & Cintra, Nova Gramática). Identificar o referente correto é essencial para interpretar textos literários e informativos em provas.
Portanto, gabarito: B) “tempo”
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