No Brasil, a parceria jogo do bicho – ditadura civil-militar foi singular, porque mudou para sempre o perfil do crime organizado. Amparada nos pilares de hierarquia e na disciplina aprendida com os militares, a máfia do jogo se organizou, diversificou-se e cresceu. Conhecimentos de logística, estado-maior, administração financeira, divisão de trabalho e espionagem moldaram o tamanho e a força da mais estruturada facção criminosa do país.

Fonte: JUPIARA, Aloy; OTAVIO, Chico. Os porões da contravenção. Jogo do bicho e ditadura militar: a história da aliança que profissionalizou o crime organizado. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 11. Adaptado.

A relação entre os bicheiros e o regime político indicado ocorreu, principalmente, por causa da

Resposta correta: B - aliança no combate aos comunistas

Tema central: a questão explora a relação entre o regime civil‑militar (1964–1985) e o crime organizado ligado ao jogo do bicho. É preciso entender como a lógica anticomunista do regime gerou parcerias pragmáticas com atores ilícitos que ofereciam informações e cooperação repressiva.

Resumo teórico: o regime militar construiu políticas de segurança baseadas na repressão a movimentos de esquerda e no uso de redes de informantes. Em várias cidades, contraventores do jogo do bicho encontraram benefícios (impunidade, espaço para negócios) ao colaborar com autoridades: troca de informação sobre militantes, apoio logístico e ações de inteligência local. Essa relação profissionalizou e hierarquizou o crime, conforme análise de Jupiara & Otavio (Os porões da contravenção, 2015).

Por que a alternativa B é correta: o texto aponta elementos como "hierarquia", "disciplina aprendida com os militares", "espionagem" e "estado‑maior" — termos que remetem diretamente a práticas de repressão política e inteligência. O vínculo foi, sobretudo, uma aliança para vigiar e combater o que o regime qualificava como ameaça comunista; em troca, os bicheiros obtiveram proteção e liberdade para expandir suas atividades.

Análise das alternativas incorretas:

A - disputa pelo controle social: vaga e genérica. O enunciado enfatiza cooperação institucional e militarização do crime, não uma disputa ampla por "controle social".

C - concorrência para o controle do tráfico: confunde esferas. O texto trata do jogo do bicho e da profissionalização da contravenção via apoio estatal, não de disputa pelo tráfico internacional de drogas.

D - hostilidade contra movimentos sociais: embora o regime fosse hostil a movimentos sociais, a relação descrita é de aliança entre bicheiros e regime, não de hostilidade mútua.

E - desavença em relação às práticas de tortura: incorreto: o texto mostra apropriação de disciplina e técnicas (hierarquia, espionagem) pelos criminosos, não um conflito sobre métodos de repressão como tortura.

Dica de leitura e interpretação: ao analisar enunciados históricos, destaque palavras‑chave (ex.: espionagem, hierarquia, estado‑maior) e relacione‑as ao contexto temporal (ditadura anticomunista). Isso ajuda a eliminar alternativas vagas ou anacrônicas.

Fonte recomendada: JUPIARA, Aloy; OTAVIO, Chico. Os porões da contravenção. Jogo do bicho e ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2015.

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