Questão 789a3f60-3d
Prova:FGV 2014
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Período Entre-Guerras; Crise de 1929 e seus desdobramentos

    Esses anos [pós-guerra] também foram notáveis sob outro aspecto pois, à medida que o tempo passava, tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria destruição.

(J. K. Galbraith, Dias de boom e de desastre In J. M. Roberts (org), História do século XX, 1974, p. 1331)

Segundo Galbraith,

A
a crise do capitalismo norte-americano em 1929 não abalou os seus fundamentos porque foi gerada por ele mesmo, isto é, o funcionamento da economia provocou a superprodução agrícola e industrial, a especulação na bolsa de valores, e a expansão do crédito, o que garantiu os lucros aos empresários, diminuindo a desigual distribuição de renda com o recuo do desemprego.
B
a época referida no texto diz respeito à crise dos anos 1950, pós-Segunda Guerra, portanto externa ao capitalismo dos Estados Unidos, uma vez que os Estados europeus, endividados e destruídos, continuaram a contrair empréstimos e a comprar produtos norte-americanos, e os empresários, internamente, especularam na bolsa de valores, para minimizar os efeitos do desemprego.
C
nos fins dos anos 1920, com a economia desorganizada pela Primeira Guerra Mundial, o capitalismo norte-americano cresceu rumo à superprodução, com investimentos na indústria, à restrição ao crédito e ao controle da especulação na bolsa de valores, pois a crise foi motivada apenas por motivos internos, o que facilitou a intervenção do Estado.
D
a crise de 1929 foi gerada pelo próprio funcionamento do capitalismo nos Estados Unidos dos anos 1920, em um clima de euforia com o aumento da produção, a especulação na bolsa de valores, a concentração de renda e o crédito fácil, sem intervenção do Estado, apesar da diminuição das importações europeias e dos crescentes índices de desemprego.
E
a crise dos anos pós-Segunda Guerra Mundial mostrou a importância da ação do Estado, na medida em que a intervenção reduziu os desequilíbrios causados pelo próprio funcionamento da economia norte-americana, isto é, preservou o lucro dos empresários, baixou os índices da produção agrícola e industrial, e controlou os altos níveis do desemprego.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Gabarito: D

Tema central: a questão trata da crise de 1929 e das causas internas do colapso capitalista nos EUA — expansão produtiva, especulação, crédito fácil e concentração de renda — e da baixa intervenção estatal no período. Compreender esse tema exige noções de economia política entre-guerras e do papel dos mercados financeiros.

Resumo teórico: Nas décadas de 1920 os EUA viveram crescimento rápido da indústria, aumento da produção e forte valorização das ações. O crédito fácil e a especulação alimentaram bolhas na bolsa; a renda concentrada limitou consumo de massa, gerando superprodução. Quando a confiança caiu, quebras e desemprego aumentaram, e a economia entrou em colapso — fenômeno analisado por autores como J. K. Galbraith, Charles Kindleberger e por interpretações keynesianas (Keynes, 1936). Fontes úteis: Galbraith (comentado em Roberts), Kindleberger, Keynes.

Por que a alternativa D é correta: ela resume adequadamente as causas da crise de 1929: clima de euforia produtiva; especulação na bolsa; concentração de renda; crédito fácil; e baixa intervenção estatal. Também menciona fatores externos (queda das importações europeias) e consequências sociais (desemprego), alinhando-se às principais explicações históricas e econômicas do crash.

Análise das alternativas incorretas:

A — Erra ao afirmar que a crise não abalou os fundamentos do capitalismo e que a dinâmica garantiu lucros e diminuíu a desigualdade. Na realidade, a crise expôs vulnerabilidades e agravou a desigualdade e o desemprego.

B — Confunde períodos: fala dos anos 1950/pós‑Segunda Guerra como se fosse o tema do texto. O trecho citado refere-se ao pós‑Primeira Guerra e ao final dos anos 1920/1929. Além disso, apresenta interpretação incoerente sobre especulação e origem externa.

C — Contraditória: afirma que houve restrição ao crédito e controle da especulação nos anos 1920, quando na prática o crédito estava amplamente disponível e a especulação cresceu sem regulação suficiente. Também interpreta a crise como motivada apenas por fatores internos de modo simplista.

E — Mistura fatos do pós‑Segunda Guerra (maior intervenção estatal e políticas keynesianas) com afirmações erradas sobre queda de produção e preservação direta do lucro dos empresários. O pós‑guerra implicou intervenção para estabilizar economia e emprego, não redução deliberada da produção como solução primária.

Dica de prova: procure palavras-chave como “especulação”, “crédito fácil”, “concentração de renda” e “intervenção estatal”. Elas orientam a conexão com a crise de 1929. Desconfie de alternativas que invertam causalidades (ex.: crédito restrito em período de expansão) ou confundam períodos históricos.

Referências básicas: Galbraith (comentário em Roberts), Kindleberger (The World in Depression), Keynes (The General Theory).

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