A unidade italiana – o processo de constituição de um Estado único para o país – conserva o sistema oligárquico (...) Isto não impede a formação do Estado, mas retarda a eclosão do fenômeno nacional.
(Leon Pomer, O surgimento das nações, 1985, p. 40-42)
Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos.
(Massimo d'Azeglio Apud E. J. Hobsbawm, A era do capital, 1977, p. 108)
A partir dos textos, é correto afirmar que
(Leon Pomer, O surgimento das nações, 1985, p. 40-42)
Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos.
(Massimo d'Azeglio Apud E. J. Hobsbawm, A era do capital, 1977, p. 108)
A partir dos textos, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa E
Tema central: trata-se da relação entre Estado e Nação no processo de unificação italiana (Risorgimento). A questão exige distinguir quando o Estado moderno foi constituído e por quem, e perceber que a identidade nacional (os “italianos”) demorou a se consolidar porque a elite dominante preservou estruturas oligárquicas.
Resumo teórico: o conceito-chave é a diferença entre formação do Estado (instituições, fronteiras, governo central) e formação da nação (consenso cultural, sentimento nacional). No caso italiano, o Estado unificado foi fruto da ação política e militar da elite do norte (Piedmont-Sardenha) e de atores como Cavour e Garibaldi; porém, a massificação do sentimento nacional avançou mais lentamente, pois amplas camadas sociais permaneceram excluídas do voto e dos benefícios econômicos (Hobsbawm; Pomer). Autores úteis: E. J. Hobsbawm, The Age of Capital; Benedict Anderson, Imagined Communities.
Por que a alternativa E está correta: afirma que o Estado nasceu antes da nação (o Estado foi consolidado por uma elite burguesa do norte em 1871), que essa construção foi em grande medida artificial e autoritária, e que a exclusão das massas retardou o sentimento nacional — leitura alinhada às fontes citadas. O aforismo de d’Azeglio (“Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos”) resume essa ideia: unificou-se o aparelho estatal sem imediatamente criar uma identidade nacional comum.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: inverte os atores sociais. Não foi o Estado que representou os não-proprietários nem promoveu reformas revolucionárias que democratizassem o país; ao contrário, as elites mantiveram privilégios.
B — incorreta: erro factual e conceitual. A unificação não promoveu voto universal nem defesa generalizada da pequena propriedade; o processo teve liderança da burguesia norte-italiana e do Estado piemontês, mas manteve caráter liberal-conservador e restritivo politicamente.
C — incorreta: afirma que o Estado surgiu em 1848 e pela burguesia das Duas Sicílias — ambos imprecisos. O poder central vitorioso vinha de Piemonte; o Sul teve papel distinto e sofreu marginalização após a unificação.
D — incorreta: exagera ao dizer que a classe proprietária “absorveu os valores populares” e que isso legitimou um Estado autoritário defensor das desigualdades regionais. Na verdade, havia distanciamento entre elites e massas; legitimidade popular era limitada.
Estratégias para resolver questões assim:
- Identifique quem são os agentes (elites, burguesia, massas) e o período exato (datas: 1848 vs 1871).
- Distinga “Estado” (institucional) de “nação” (cultural/identitária).
- Desconfie de alternativas que atribuam rapidamente a favor das massas mudanças revolucionárias sem evidências históricas.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





