Considere as definições:
– Metáfora é a figura de linguagem que consiste no
emprego de uma palavra com sentido que não lhe é comum
ou próprio, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de semelhança, de intersecção entre dois termos.
– Personificação ou prosopopeia é a figura de linguagem
que consiste em atribuir linguagem, sentimentos e
ações próprios dos seres humanos a seres inanimados ou
irracionais.
– Aliteração é a repetição constante de um mesmo
fonema consonantal.
(William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães.
Gramática reflexiva, 2005)
As definições são exemplificadas, respectivamente, com os
seguintes versos do poema:
Considere as definições:
– Metáfora é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra com sentido que não lhe é comum ou próprio, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de semelhança, de intersecção entre dois termos.
– Personificação ou prosopopeia é a figura de linguagem que consiste em atribuir linguagem, sentimentos e ações próprios dos seres humanos a seres inanimados ou irracionais.
– Aliteração é a repetição constante de um mesmo fonema consonantal.
(William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. Gramática reflexiva, 2005)
As definições são exemplificadas, respectivamente, com os seguintes versos do poema:
Verão carioca 73
O carro do sol passeia rodas de incêndio
sobre os corpos e as mentes, fulminando-os.
Restam, sob o massacre, esquírolas1
de consciência,
a implorar, sem esperança, um caneco de sombra.
As árvores decotadas, alamedas sem árvores.
O ar é neutro, fixo, e recusa passagem
às viaturas da brisa. O zinir de besouros buzinas
ressoa no interior da célula ferida.
Sobe do negro chão meloso espedaçado
o súlfur2
dos avernos3
em pescoções de fogo.
A vida, esse lagarto invisível na loca4
,
ou essa rocha ardendo onde a verdura ria?
O mar abre-se em leque à visita de uns milhares,
mas, curvados ao peso dessa carga de chamas,
em mil formas de esforço e pobreza e rotina,
milhões
curtem a maldição do esplêndido verão.
(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco, 2012)
1esquírolas: lascas, pedacinhos
2súlfur: enxofre
3avernos: infernos
4loca: gruta pequena, local sob algo
O carro do sol passeia rodas de incêndio
sobre os corpos e as mentes, fulminando-os.
Restam, sob o massacre, esquírolas1 de consciência,
a implorar, sem esperança, um caneco de sombra.
As árvores decotadas, alamedas sem árvores.
O ar é neutro, fixo, e recusa passagem
às viaturas da brisa. O zinir de besouros buzinas
ressoa no interior da célula ferida.
Sobe do negro chão meloso espedaçado
o súlfur2 dos avernos3 em pescoções de fogo.
A vida, esse lagarto invisível na loca4 ,
ou essa rocha ardendo onde a verdura ria?
O mar abre-se em leque à visita de uns milhares,
mas, curvados ao peso dessa carga de chamas,
em mil formas de esforço e pobreza e rotina,
milhões curtem a maldição do esplêndido verão.
(Carlos Drummond de Andrade. As impurezas do branco, 2012)
1esquírolas: lascas, pedacinhos
2súlfur: enxofre
3avernos: infernos
4loca: gruta pequena, local sob algo
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda identificação e análise de figuras de linguagem — mais especificamente, metáfora, personificação (prosopopeia) e aliteração. Essas são fundamentais tanto para interpretação de textos literários quanto para reconhecer efeitos de sentido na linguagem poética, tema recorrente em provas de vestibulares.
Atenção à regra: Segundo a gramática normativa (Celso Cunha & Lindley Cintra; William Roberto Cereja), metáfora é a comparação implícita; personificação atribui características humanas a objetos ou seres não humanos; e aliteração ocorre pela repetição de consoantes para efeitos sonoros.
Alternativa correta: D
Metáfora: A vida, esse lagarto invisível na loca
Neste verso, a existência é comparada a um "lagarto invisível", sem conectivo, revelando um processo de substituição semelhança implícita — escopo clássico da metáfora.
Personificação: O ar é neutro, fixo, e recusa passagem
O “ar” adquire ação humana ("recusa"), atributo impossível a seres inanimados, configurando a personificação.
Aliteração: O zinir de besouros buzinas
Há repetição da consoante “z”, criando efeito sonoro característico, típico da aliteração.
Por que as outras estão erradas?
A: Não há aliteração clara em “sobre os corpos e as mentes, fulminando-os”.
B: “mas, curvados ao peso dessa carga de chamas” não tem repetição de fonemas.
C: “ou essa rocha ardendo onde a verdura ria?” também não apresenta aliteração.
E: Não há trecho destacado para aliteração e, em “O mar abre-se em leque”, a ação do mar pode até sugerir personificação, mas a estrutura não corresponde à progressão exigida pela questão.
Estratégia para prova: Em questões sobre figuras de linguagem, destaque os elementos não literais, ações atribuídas a objetos e repetições sonoras. Atente-se aos verbos e aos sons nas palavras.
Dica de autores: Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), reconhecer o contexto e o desvio do sentido comum é chave para identificar figuras de linguagem.
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