Questão 765e26b8-cc
Prova:UFRGS 2018
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Questões Internacionais: história do tempo presente

Sobre o desenvolvimento do pensamento moderno no Ocidente, entre os séculos XIV e XVIII, é correto afirmar que

A
os estudos empíricos sobre a natureza, realizados no Renascimento, contribuíram para o desenvolvimento da ciência europeia.
B
o abandono do dogma cristão pelo pensamento humanista motivou a criação dos tribunais do Santo Ofício para combater as heresias.
C
a filosofia foi marcada por uma completa ruptura em relação à visão de mundo, elaborada durante a antiguidade.
D
a Reforma Protestante caracterizou-se pela reafirmação dos valores institucionais da Igreja e pela defesa do papado.
E
a rígida separação social entre a elite letrada e a população camponesa impedia o desenvolvimento de práticas culturais populares.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: trata-se do desenvolvimento do pensamento moderno (séculos XIV–XVIII) — transição do paradigma medieval para o moderno, envolvendo Renascimento, Reforma, ciência moderna e Iluminismo. Para resolver a questão é preciso distinguir mudanças de grau (transformações contínuas) de rupturas absolutas e relacionar avanços empíricos com instituições religiosas e culturais.

Resumo teórico progressivo: no Renascimento houve um renovo no interesse por textos clássicos e pelas práticas artesanais e observacionais (anatômicas, náuticas, astronômicas). Esses estudos empíricos, aliados à imprensa e à circulação de conhecimentos, criaram condições para a chamada Revolução Científica (Copérnico, Kepler, Galileu, Newton) e para a defesa do método experimental (Francis Bacon). Assim, o conhecimento moderno não surgiu do nada: houve continuidade com o passado e incorporação de métodos práticos.

Por que A está correta: a alternativa afirma que os estudos empíricos renascentistas contribuíram para a ciência europeia — isto é verdadeiro. Exemplos claros: Andreas Vesalius renovou a anatomia por dissecação; Copérnico e Galileu mudaram a astronomia com observação; Bacon promoveu o método indutivo. Essas práticas e conceitos pavimentaram o avanço científico dos séculos XVI–XVII. (Fontes: Francis Bacon, Novum Organum, 1620; Jacob Burckhardt, The Civilization of the Renaissance in Italy; Shapin & Schaffer, Leviathan and the Air‑Pump.)

Por que as outras estão erradas:

B — incorreta: os humanistas não promoveram um abandono generalizado do cristianismo; muitos eram crentes críticos. Os tribunais do Santo Ofício (Inquisição) antecederam e tiveram causas complexas — políticas e religiosas — não apenas reação ao humanismo.

C — incorreta: houve transformações importantes, mas não uma ruptura completa com a Antiguidade. A modernidade reelaborou e recuperou muitos autores clássicos (Aristóteles, Platão) e conhecimentos antigos; houve continuidade e crítica, não eliminação total.

D — incorreta: a Reforma Protestante criticou práticas da Igreja e rejeitou a autoridade papal em vários pontos; portanto não foi reafirmação dos valores institucionais da Igreja nem defesa do papado — o oposto aconteceu. A reafirmação veio com a Contra‑Reforma.

E — incorreta: apesar de hierarquias sociais rígidas, existiam ricas práticas culturais populares (festas, literatura vernacular, imprensa popular) que se desenvolveram e circularam; a separação não impediu totalmente a cultura popular.

Dica de prova: desconfie de termos absolutos ("completa", "abandono", "impedia") e cheque cronologia e agentes históricos. Relacione causas (metodologia empírica) a efeitos (ciência moderna) em vez de aceitar correlações superficiais.

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