Para muitos historiadores, entre os anos de 1920 e 1930, o Brasil adentrou efetivamente na modernidade. No que tange a essa modernidade, analise as afirmações a seguir:

I. Num país até então rural, a modernidade emergente apontava para novos tempos e novos hábitos, para mudanças rápidas e para um estilo de vida mais cosmopolita, apreciador da riqueza e do progresso.
II. A modernidade representava para empresários, sanitaristas, artistas, militares e intelectuais uma intervenção maior do Estado como agente dinamizador das reformas econômicas e sociais.
III. Os símbolos da modernidade dos anos 1920- 1930 eram percebidos nos investimentos na vida rural, tendo o campo como espaço da modernidade.

Está correto o que se afirma em

Gabarito: C — I e II, apenas

Tema central: a entrada do Brasil na modernidade nas décadas de 1920–1930. É preciso compreender que esse processo foi predominantemente urbano, cultural e estatal, envolvendo mudanças de hábitos, consumo, cultura e maior intervenção do Estado na economia e nas reformas sociais.

Resumo teórico: a modernidade brasileira desse período apresenta três traços principais: (1) transformação cultural e de costumes nas cidades (cinema, rádio, automóvel, arquitetura modernista), (2) maior ação do Estado como indutor de reformas econômicas e sanitárias e (3) crescimento industrial e urbanização — não uma modernização centrada no campo. Fontes clássicas: Boris Fausto, História do Brasil; Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil (para contrastes cidade/campo) e estudos sobre a Era Vargas (1930s) que mostram o Estado interventor.

Por que I está correta: afirma que a modernidade implicava novos hábitos e um estilo de vida mais cosmopolita — exatamente o que se observou nas cidades: consumo de bens modernos, novas práticas sociais e apreciação do progresso técnico. Exemplos: expansão do rádio, do cinema e do transporte urbano.

Por que II está correta: empresários, sanitaristas, artistas, militares e intelectuais passaram a defender e a executar reformas com participação maior do Estado — políticas industriais, reformas sanitárias e intervenção econômica antecipando a atuação do Estado interventor da Era Vargas. A expressão “Estado dinamizador” resume bem essa tendência.

Por que III é incorreta: dizer que os símbolos da modernidade eram investimentos na vida rural e que o campo era o espaço da modernidade contradiz o padrão histórico do período. A modernização relevante nesse decênio foi urbana e industrial; o campo permaneceu, em larga medida, tradicional e atrasado. Logo, a ruralidade não foi o epicentro dos símbolos modernos nas décadas de 1920–1930.

Análise das alternativas:

A (I, II e III) — incorreta porque inclui a III, que erra ao colocar o campo como espaço central da modernidade.

B (II apenas) — incorreta porque ignora que I também descreve corretamente as mudanças culturais e de hábitos.

C (I e II, apenas) — correta: combina o caráter cultural/urbano (I) com a maior intervenção estatal e apoio de diversos grupos sociais às reformas (II).

D (III apenas) — incorreta por fundamentar a modernidade no meio rural, o que não corresponde ao quadro histórico.

Dica de interpretação: ao ler enunciados sobre “modernidade”, procure palavras-chave (urbano, rural, Estado, elites culturais) e vincule-as ao contexto histórico. Pergunte-se: quem liderou as mudanças? Onde elas se concentraram? Isso ajuda a eliminar alternativas que invertam centro/periferia.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!