Questão 711b56e5-b6
Prova:
Disciplina:
Assunto:
No trecho do último parágrafo “Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo.”, a expressão em destaque
No trecho do último parágrafo “Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria, talvez melancólica, mas alegria mesmo.”, a expressão em destaque
Leia o texto para responder a questão.
Foi exatamente durante o almoço que se deu o fato.
Almira continuava a querer saber por que Alice viera
atrasada e de olhos vermelhos. Abatida, Alice mal respondia.
Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de
lágrimas.
– Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva.
Você não pode me deixar em paz?!
Almira engasgou-se com a comida, quis falar, começou a
gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam saído palavras
que não conseguiam descer com a comida pela garganta de
Almira G. de Almeida.
– Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo
Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois vou lhe contar,
sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e
não vai mais voltar! Agora está contente, sua gorda?
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na boca.
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se
fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou-o no pescoço de
Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se
como uma só pessoa. Mas a gorda, mesmo depois de ter
feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao
menos olhar o sangue da outra.
Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com curativos
e os olhos ainda regalados de espanto. Almira foi presa em
flagrante.
Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria,
talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia graças para as
companheiras. Finalmente tinha companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-se muito bem com as guardiãs,
que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate.
(Clarice Lispector. A Legião Estrangeira, 1964. Adaptado)
Leia o texto para responder a questão.
Foi exatamente durante o almoço que se deu o fato.
Almira continuava a querer saber por que Alice viera
atrasada e de olhos vermelhos. Abatida, Alice mal respondia.
Almira comia com avidez e insistia com os olhos cheios de
lágrimas.
– Sua gorda! disse Alice de repente, branca de raiva.
Você não pode me deixar em paz?!
Almira engasgou-se com a comida, quis falar, começou a
gaguejar. Dos lábios macios de Alice haviam saído palavras
que não conseguiam descer com a comida pela garganta de
Almira G. de Almeida.
– Você é uma chata e uma intrometida, rebentou de novo
Alice. Quer saber o que houve, não é? Pois vou lhe contar,
sua chata: é que Zequinha foi embora para Porto Alegre e
não vai mais voltar! Agora está contente, sua gorda?
Na verdade Almira parecia ter engordado mais nos últimos momentos, e com comida ainda parada na boca.
Foi então que Almira começou a despertar. E, como se
fosse uma magra, pegou o garfo e enfiou-o no pescoço de
Alice. O restaurante, ao que se disse no jornal, levantou-se
como uma só pessoa. Mas a gorda, mesmo depois de ter
feito o gesto, continuou sentada olhando para o chão, sem ao
menos olhar o sangue da outra.
Alice foi ao pronto-socorro, de onde saiu com curativos
e os olhos ainda regalados de espanto. Almira foi presa em
flagrante.
Na prisão, Almira comportou-se com delicadeza e alegria,
talvez melancólica, mas alegria mesmo. Fazia graças para as
companheiras. Finalmente tinha companheiras. Ficou encarregada da roupa suja, e dava-se muito bem com as guardiãs,
que vez por outra lhe arranjavam uma barra de chocolate.
(Clarice Lispector. A Legião Estrangeira, 1964. Adaptado)
A
nega a possibilidade de Almira poder estar feliz.
B
sugere que Almira se exaspera com a vida na prisão.
C
opõe a alegria de Almira à desgraça que cometeu.
D
reforça a melancolia de Almira vivendo na prisão.
E
enfatiza a ideia de que Almira estava feliz na prisão.