Questão 6f72eca2-b6
Prova:
Disciplina:
Assunto:
A última frase do texto – […] saboreou tranquilo essa explosão
de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
– revela, por meio de
A última frase do texto – […] saboreou tranquilo essa explosão
de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
– revela, por meio de
Leia o final do conto A causa secreta, de Machado de Assis, para
responder à questão. Fortunato saiu, foi deitar-se no sofá da saleta contígua, e
adormeceu logo. Vinte minutos depois acordou, quis dormir
outra vez, cochilou alguns minutos, até que se levantou e voltou à
sala. Caminhava nas pontas dos pés para não acordar a parenta,
que dormia perto. Chegando à porta, estacou assombrado.
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e
contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois,
como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na
testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o
epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja,
mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento.
Olhou assombrado, mordendo os beiços.
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o
cadáver; mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços,
e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão
de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
(Contos escolhidos, 1994.)
Leia o final do conto A causa secreta, de Machado de Assis, para
responder à questão.
Fortunato saiu, foi deitar-se no sofá da saleta contígua, e
adormeceu logo. Vinte minutos depois acordou, quis dormir
outra vez, cochilou alguns minutos, até que se levantou e voltou à
sala. Caminhava nas pontas dos pés para não acordar a parenta,
que dormia perto. Chegando à porta, estacou assombrado.
Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e
contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois,
como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na
testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o
epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja,
mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento.
Olhou assombrado, mordendo os beiços.
Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o
cadáver; mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços,
e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão
de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa.
(Contos escolhidos, 1994.)
A
hipérbole, a crítica do narrador ao comportamento de Fortunato.
B
gradação, a satisfação de Fortunato ante a situação vivenciada.
C
contradição, o pesar que expressa Fortunato com a morte da
mulher.
D
eufemismo, a avaliação pejorativa do narrador para a atitude
de Garcia.
E
paradoxo, a ambiguidade dos sentimentos de Fortunato com
a situação.