Dadas as seguintes afirmativas sobre a obra Ler-se(r), de Márcio Moraes:

I - A crônica homônima à obra utiliza-se do recurso da intertextualidade quando evoca Byron, Machado de Assis (em suas Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro), Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe), Eleonor H. Poter (Pollyanna e o seu jogo do contente), “Alice no País das Maravilhas”, Álvares de Azevedo (Lira dos vinte anos), “Divina Comédia”, “O menino do Engenho”, Aluizio de Azevedo, “O menino no espelho”, “O mistério da casa verde”, dentre outros autores e obras clássicas.

II - O narrador da crônica “Ler-se(r)”, ao evocar clássicos da literatura nacional e universal, apresenta o imbricamento do sujeito e da literatura, de modo a destacar que o leitor se constitui daquilo que lê, e de onde pode, também, ser lido.

III - A obra é dividida em partes intituladas “PARA EU”; “PARA ELES”; “PARA VÓS”; “PARA NÓS”. Tal divisão não é gratuita. Na primeira parte da narrativa, por exemplo, o narrador centraliza-se na primeira pessoa; na segunda parte, prioriza-se quase sempre “ele(s)” ou “ela(s)”, personagens não nomeadas.

IV - O escritor Márcio Moraes reconhece a autointertextualidade, já que cita obras anteriores de sua autoria, no seguinte trecho da crônica “A hora do delírio”: “(...) Não podia parar, deveria seguir estas pegadas deixadas na via crucis para poder alcançar o cume genuíno do desejo humano. Aquele corpo assim alado incorruptível que só se obtém após transpor a via.(...)”

Marque a opção correta:

Tema central da questão: Interpretação de Texto, com análise de intertextualidade, foco narrativo e relações entre leitor, autor e obra, exigindo leitura atenta e aplicação de conceitos literários específicos.

Alternativa correta: D) Todas as afirmativas estão corretas.

Justificativa detalhada:

I. Correta. A crônica utiliza o recurso da intertextualidade, ou seja, estabelece diálogo com outros textos por meio da citação de autores e obras célebres, o que, segundo Julia Kristeva, torna o texto um “mosaico de citações”. Fique atento: sempre que observar menção a outros autores/obras, pense em intertextualidade.

II. Correta. O narrador mostra que leitor e literatura se constroem mutuamente; isso é um ponto central em obras pós-modernas, onde a leitura transforma o sujeito e vice-versa. Observe que o enunciado faz referência clara à relação entre sujeito e leitura, utilizando a expressão “o leitor se constitui daquilo que lê”.

III. Correta. A divisão da obra — “PARA EU”, “PARA ELES”, etc. — demonstra mudança intencional de foco narrativo. Conforme Celso Cunha e Lindley Cintra, o pronominalismo reflete os graus de envolvimento do narrador. Atenção à indicação dos pronomes: em provas, pronomes podem ser chave para identificar o foco narrativo correto.

IV. Correta. Márcio Moraes faz autointertextualidade ao citar suas próprias obras; segundo Bechara, a referência interna também é forma válida de intertextualidade. Note que autointertextualidade é menos comum e pode confundir, portanto leia atentamente a indicação dos próprios textos do autor.

Análise das alternativas: As opções A, B e C deixam de incluir pelo menos uma afirmativa correta, o que as invalida. Não há erro de informação, interpretação ou conceito literário em nenhuma das afirmativas analisadas; todas refletem aspectos estudados da obra.

Dicas de prova: Atente-se a palavras-chave como intertextualidade, foco narrativo, nomes de autores/obras, e os pronomes que orientam perspectiva do texto. Evite marcar questões pelo “senso comum”; confirme tudo no texto e nos conceitos literários!

Resumo final: A alternativa D está correta porque todas as afirmativas apresentam análises compatíveis com os conceitos literários exigidos e fielmente ligados ao conteúdo da obra discutida.

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