Questão 6cb267e2-b1
Prova:UNIFESP 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o soneto de Cruz e Sousa.

Silêncios

Largos Silêncios interpretativos,

Adoçados por funda nostalgia,

Balada de consolo e simpatia

Que os sentimentos meus torna cativos;


Harmonia de doces lenitivos,

Sombra, segredo, lágrima, harmonia

Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.


Ó Silêncios! ó cândidos desmaios,

Vácuos fecundos de celestes raios

De sonhos, no mais límpido cortejo...


Eu vos sinto os mistérios insondáveis

Como de estranhos anjos inefáveis

O glorioso esplendor de um grande beijo!

(Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos, 2008.)



A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente:

A
a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior.
B
o esforço de superação do sofrimento coexiste com o esgotamento das forças do eu lírico; assonâncias e metonímias reforçam os contrastes das rimas alternadas em versos livres.
C
a religiosidade como forma de superação do sofrimento humano; metáforas e antíteses reforçam o negativismo da desagregação existencial nos versos livres.
D
a apresentação da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos decassílabos.
E
o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a conciliação entre o eu lírico e o mundo; metáforas e sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade nos versos de doze sílabas.

Gabarito comentado

A
Aline Soares Monitor do Qconcursos

Gabarito: D

Tema central da questão: Trata-se de interpretação de texto poético com identificação do tema principal e dos recursos estilísticos utilizados, pilares fundamentais da leitura e análise literária em concursos vestibulares.

Justificativa da alternativa correta (D):

O soneto apresenta, com grande sensibilidade, a condição existencial do eu lírico marcada pelo sofrimento, abordada de modo transcendente, típico do Simbolismo. O eu lírico vê no silêncio um portal para o sublime, num movimento de interiorização e busca pelo inefável.

Os recursos poéticos destacados – assonâncias (repetição de sons vocálicos) e aliterações (repetição de consoantes) – criam musicalidade e reforçam o sentido emocional do texto. Veja exemplos:

“Sombra, segredo, lágrima, harmonia” – repete-se o som de “s” (aliterção); “Balada de consolo e simpatia” – repete-se o som de “a” (assonância).

Além disso, o texto usa versos decassílabos (dez sílabas poéticas), métrica tradicional dos sonetos. Isso pode ser confirmado pela contagem rítmica: “Largos Silêncios interpretativos” (La-rgos Si-lên-ci-os in-ter-pre-ta-ti-vos = 10 sílabas poéticas).

Análise das alternativas incorretas:

A: Equívoco ao citar “versos de redondilha maior” (sete sílabas), quando o poema é decassilábico. Além disso, as “rimas alternadas” não estão bem evidenciadas em toda a estrutura do soneto.

B: Fala em “versos livres”, o que não ocorre em um soneto (estrutura fixa). A abordagem temática também não corresponde ao nível de superação tratado no texto.

C: Menciona “religiosidade” e “antíteses”, elementos secundários ou ausentes, além do erro sobre versos livres.

E: Confunde a métrica afirmando “versos de doze sílabas”, o que não corresponde ao texto (decassílabos).

Dica de interpretação: Observe sempre o tipo de verso (conte as sílabas), as figuras de linguagem predominantes e a tonalidade emocional/filosófica do texto. Esses elementos, prioritários em provas, diferenciam alternativas muito similares.

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