Questão 6c0d2754-24
Prova:PUC-GO 2015
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base em atenta leitura de “Raio de sol ao meio”, de Das estampas (Texto 5), de Aguinaldo Gonçalves, marque, a seguir, a alternativa correta:

TEXTO 5

                             Raios de sol ao meio

      Mais uma vez ele aparecia na minha frente como se tivesse vindo do nada. Seus olhos eram grandes e negros e pareciam ter nascido bem antes dele. Suas espinhas se agigantavam conforme o ângulo de que eram vistas. Sua orelha era algo indescritível. Além de orelha ela era disforme, meio redonda e meio achatada nas pontas. Ela era meio várias coisas. Uma orelha monstro. A boca era alguma coisa que só estava ali para cumprir seu espaço no rosto. Era boca porque estava exatamente no lugar da boca. E era a segunda vez que ele me mobilizava. Mas no conjunto de elementos díspares reinava uma sensualidade ímpar que me tirava de mim sem que eu soubesse navegar no outro que em mim surgia. De mim não sabia entender o que emanava para ele em toda a sua estranha vastidão de patologia visual. No meio sol da meia-noite as coisas se anunciaram e antes que a madrugada avançasse a lua em sua metade escondida ardeu com um olhar malicioso e sorriu.

    (GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas. São Paulo: Nankin, 2013. p. 177.)

A
O narrador personagem constrói gradativamente a figura do outro que lhe surge de forma absurda, grotesca, mas que se harmoniza ao final, gerando uma sensação estranha, inesperada, de ordem subjetiva, tão arrebatadora que o deixa perplexo.
B
O narrador personagem constrói gradativamente uma figura estranha que o deixa perplexo; um rosto em desarmonia completa que gera uma sensação tão estranha e inesperada que, no final, ele muda o foco e fala da lua.
C
Trata-se de uma descrição que faz aflorar o absurdo da face humana, comparada à beleza e à harmonia dos elementos da natureza, sugerindo, nas entrelinhas, uma certa superioridade daquilo que é eterno e imutável.
D
Trata-se de uma descrição detalhada de uma face humana, seguida de uma comparação desse rosto a elementos da natureza, deixando transparecer, por trás das palavras, uma lição de que o que vale mesmo é o caráter e não a aparência.

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