No primeiro terceto do poema apresentado no Texto
3, “O acendedor de lampiões”, em que consiste a “triste
ironia” a que o enunciador se refere? Assinale a alternativa
correta:
TEXTO 3
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doura a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
(LIMA, Jorge de. Melhores poemas. 3. ed. São
Paulo: Global, 2006. p. 25)
TEXTO 3
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doura a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
(LIMA, Jorge de. Melhores poemas. 3. ed. São Paulo: Global, 2006. p. 25)
Gabarito comentado
Tema central: Trata-se de uma questão de interpretação de texto, que exige do candidato a compreensão de uma figura de linguagem muito utilizada em poemas: a ironia. Nessa questão, o candidato deve identificar a que se refere a “triste ironia” mencionada no primeiro terceto do poema.
Justificativa da alternativa correta (C):
O conceito de ironia, segundo Bechara e Cunha & Cintra, implica dizer-se algo e, de forma subentendida, mostrar o contrário ou um contraste chocante. No poema, a ironia se explicita nos versos:
“Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.”
A contradição — o acendedor ilumina a cidade, mas talvez viva na escuridão — representa o cerne da ironia. É disso que o poeta se compadece: ele trabalha levando luz para todos, mas talvez não tenha esse mesmo benefício em casa. Essa análise é corroborada pelas gramáticas de referência, que enfatizam que a ironia nasce do contraste entre expectativa e realidade.
Portanto, alternativa C está correta.
Análise das alternativas incorretas:
A) Fala de buscar amor, felicidade, espiritualidade. Embora esses temas surjam no poema, não estão relacionados à “triste ironia” do primeiro terceto, mas sim à comparação social na última estrofe. Assim, não preenche o requisito da questão.
B) Destaca o trabalho exaustivo do acendedor. Contudo, não há ironia nesse detalhe; trata-se apenas de uma descrição do ofício. A ironia está no contraste entre iluminar a cidade e provavelmente não possuir luz em casa.
D) Refere-se à metáfora presente no início do poema (“Parodiar o sol”), e não à ironia específica solicitada pela questão. Cuidado: misturar conceitos pode ser uma armadilha comum em provas de interpretação.
Estratégia de prova: Atenção a palavras do enunciado que direcionam para um conceito específico (neste caso: “ironia”). Busque no texto contradições evidentes entre o que é feito e o que é vivido pelo personagem, característica típica da ironia. Sempre cheque se a alternativa realmente responde ao “recorte” pedido pela questão.
Conclusão: Saber interpretar figuras de linguagem e compreender o que o texto de fato sugere, muitas vezes nas entrelinhas, é essencial para se destacar em concursos. Pratique sempre esse olhar atento ao detalhe!
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