Questão 6ac228b9-c4
Prova:UEG 2017
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um importante e polêmico pensador contemporâneo, particularmente por sua famosa frase “Deus está morto”. Em que sentido podemos interpretar a proclamação dessa morte?

A
O Deus que morre é o Deus cristão, mas ainda vive o deus-natureza, no qual o homem encontrará uma justificativa e um consolo para sua existência sem sentido.
B
Não fomos nós que matamos Deus, ele nos abandonou na medida em que não aceitamos o fato de que essa vida só poderá ser justificada no além, uma vez que o devir não tem finalidade
C
O Deus que morre é o deus-mercado, que tudo nivela à condição de mercadoria, entretanto o Deus cristão poderá ainda nos salvar, desde que nos abandonemos à experiência de fé.
D
A morte de Deus não se refere apenas ao Deus cristão, mas remete à falta de fundamento no conhecimento, na ética, na política e na religião, cabendo ao homem inventar novos valores.
E
A morte de Deus serve de alerta ao homem de que nada é infinito e eterno, e que o homem e sua existência são momentos fugazes que devem ser vividos intensamente.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: a famosa fórmula “Deus está morto” de Nietzsche não é literária nem teológica: significa a perda do fundamento metafísico que garantia sentido, verdade e valores na cultura ocidental — isto é, o surgimento do niilismo e a necessidade de reavaliação dos valores (ver A Gaia Ciência, “O Louco”, aforismo 125; também Assim Falou Zaratustra).

Resumo teórico (didático e progressivo): - “Morte de Deus” = declínio da crença numa ordem transcendental que legitimava conhecimento, moral e política. - Consequência: risco de vazio de sentido (niilismo). - Resposta nietzschiana: o homem deve criar novos valores (revaloração), com conceitos como vontade de potência e o ideal do Übermensch.

Justificativa da alternativa D: ela capta o núcleo do pensamento nietzschiano: a morte de Deus refere-se à perda de fundamento em várias esferas (conhecimento, ética, política, religião) e exige que o homem invente novos valores. Essa formulação está alinhada com textos de Nietzsche que diagnosticam o niilismo e propõem a reavaliação dos valores (A Gaia Ciência; Assim Falou Zaratustra).

Análise das alternativas incorretas:

A: afirma que outro “deus-natureza” substituiria o Deus cristão e que haveria um consolo — isso aproxima Nietzsche do panteísmo, o que não corresponde à sua crítica: ele não oferece consolação metafísica, mas exige criação de valores.

B: interpreta a morte de Deus como abandono divino por recusa da vida além — erro: Nietzsche não diz que Deus nos abandona por teimosia humana; diz que a crença perdeu força culturalmente e filosoficamente.

C: confunde crítica social/mercantil com a proposta nietzschiana e sustenta que o Deus cristão ainda salvaria pela fé — contradiz o diagnóstico de perda de autoridade do cristianismo.

E: reduz a máxima a um apelo ao hedonismo (“viver intensamente”), sem reconhecer o problema do niilismo nem a exigência de criar novos valores; é simplificação inadequada.

Estratégia para provas: procure termos-chave do texto filosófico (niilismo, fundamento, reavaliação dos valores, criação de valores). Desconfie de alternativas que tragam leituras religiosas literais, panteístas ou estratégias que não impliquem mudança radical nos fundamentos éticos.

Fontes recomendadas: Nietzsche, A Gaia Ciência (O Louco); Assim Falou Zaratustra; entrada “Nietzsche” na Stanford Encyclopedia of Philosophy.

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