Questão 67d8e1d3-7c
Prova:ENEM 2020
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil, Era Vargas – 1930-1954, República de 1954 a 1964

No Brasil, após a eclosão da Bossa Nova, no fim dos anos 1950 — quando efetivamente a canção popular começou a ser objeto de debate e análise por parte das elites culturais — desenvolveram-se duas principais vertentes interpretativas da nossa música: a vertente da tradição e a vertente da modernidade, dualismo que não surgiu nesta época e nem se restringe ao tema da produção musical. Desde pelo menos 1922, a tensão entre “tradicional” e “moderno” ocupa o centro do debate político-cultural no país, refletindo o dilema de uma elite em busca da identidade brasileira.

ARAÚJO, P. C. Eu não sou cachorro, não.
Rio de Janeiro: Record, 2013.

A manifestação cultural que, a partir da década de 1960, pretendeu sintetizar o dualismo apresentado no texto foi:

A
Jovem Guarda, releitura do rock anglófono com letras em português.
B
Samba-canção, combinação de ritmos africanos com tons de boleros.
C
Tropicália, junção da música pop internacional com ritmos nacionais.
D
Brega, amostra do dia a dia dos setores populares com temas românticos.
E
Cancioneiro caipira, retrato do cotidiano do homem do campo com melodias tristes.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
O escritor Paulo Cesar Araújo é professor de ensino fundamental. E, se perguntava por qual motivo as letras de músicas brasileiras presentes nos livros didáticos ignoravam uma parcela de compositores com os quais a maior parte da população brasileira se identifica. As músicas apresentadas em livros didáticos representam apenas os grupos de elite. 
O livro “Eu não sou cachorro não" faz uma revisão da literatura através de entrevistas, relações sobre música e apresentação de adjetivos e preconceitos sobre determinados tipos de música , na época dor regime militar. As músicas entendidas como de vertente tradicional eram aquelas que não apresentavam uma visão mais nacionalista. 
A Bossa Nova pode ser encarada como integrante desse grupo, pois ela seria um símbolo da classe média em ascensão que fazia uma interpretação jazzista do samba. Aquelas pertencentes à vertente da modernidade eram as que tinham elementos de protesto contra a ditadura militar, com sonoridades latinas e até mesmo com alguns elementos folclóricos, como algumas músicas de Milton Nascimento. 
Esta é uma dualidade presente nas músicas da época – modernidade / tradição. Particularmente em um movimento musical indicado em uma das alternativas. 
A) INCORRETA - A Jovem Guarda é considerada escapista por não tratar de assuntos pertinentes ao contexto da ditadura militar e por ser profundamente influenciada pelo rock. 
B) INCORRETA – O Samba Canção é um gênero musical que foi influenciado pelas baladas americanas e pelo bolero mexicano. 
C) CORRETA – A Tropicália apresenta uma intersecção entre a vertente tradicional e a moderna, uma vez que apresenta músicas com características escapistas e outras engajadas com o contexto político da época. 
D) INCORRETA – O termo “Brega" é um termo plural e não representa propriamente um estilo musical, mas sim um juízo de valor. 
E) INCORRETA – Segundo Paulo Cesar Araújo, as canções populares não se enquadravam nem nas vertentes tradicionais e nem nas vertentes modernas da historiografia da música. 
Gabarito da professora: Alternativa C.

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