Questão 67d181cf-7c
Prova:ENEM 2020
Disciplina:História
Assunto:História do Brasil, Brasil Monárquico – Segundo Reinado 1831- 1889

Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos de batalha.


SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai.

Rio de Janeiro: Mauad; Adesa, 1996.


Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto destaca o descontentamento com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos

A
pais, pela separação forçada dos filhos.
B
cativos, pelo envio compulsório ao conflito.
C
religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos.
D
oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas.
E
senhores, pela perda do investimento em mão de obra.

Gabarito comentado

Eulália FerreiraEx-Coordenadora de História do Colégio Pedro II (RJ), Mestra em Relações Internacionais (PUC-Rio) e Profª com o título "Notório Saber" pelo Colégio Pedro II (RJ)
A Guerra do Paraguai aconteceu do ano de 1864 até o ano de 1870. A historiografia aponta que ela teria sido um reflexo do processo de consolidação das nações da região da Bacia do Rio da Prata. Sendo assim, os países envolvidos foram Argentina, Uruguai, Brasil e o Paraguai. O Brasil participou da disputa por questões de interesse politico, econômico e territorial na região da bacia platina, como a liberdade de navegação em rios platinos e garantia de fronteiras por exemplo.
Segundo Jacob Gorender, a população brasileira em 1850 era de 10 milhões de pessoas e uma quarta parte era constituída por africanos escravizados. O efetivo do exército brasileiro não era suficiente para a guerra e foi requerida a participação da polícia e da Guarda Nacional do Império. Em 1865, com o objetivo de aumentar o contingente foi criado o Corpo de Voluntários da Pátria, o que levou pessoas a se alistarem para lutar contra a invasão paraguaia do Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Rapidamente os “voluntários" passaram a fazer parte de um recrutamento forçado.
O conflito resultou em grande número de mortos para todas as nações participantes. Especialmente no Brasil, a economia saiu em crise por conta de alto grau de endividamento com a Inglaterra, que patrocinou a investida contra o Paraguai. O tema “ Guerra do Paraguai" é constante no estudo de História na escola base. Não apresenta grandes dificuldades e o trecho apresentado é bastante elucidativo. 

A proposta é de interpretação de texto. O texto apresenta a oposição ao recrutamento, até de africanos escravizados por parte de um grupo social destacado em uma das alternativas. 
A) INCORRETA - Os pais financeiramente mais abastados compravam escravos substitutos para que seus filhos não fossem a guerra, ou ofereciam doações de recursos e equipamentos a Guarda Nacional. Os que possuíam menos recursos ofereciam familiar. Havia também os que não possuíam recursos e fugiam do alistamento se escondendo no mato. 
B) INCORRETA – Os cativos não possuíam voz nem opção, pois eram considerados propriedade. Entretanto, muitos tiveram como promessa a alforria após a Guerra do Paraguai. Assim sendo a Guerra podia ser uma opção de liberdade. 
C) INCORRETA – Alguns capelães estavam presentes no campo de batalha para interceder pelos mortos e para contribuir com a missão de “salvar" as almas. 
D) INCORRETA – Os oficiais eram membros da hierarquia superior do Exército Brasileiro e, geralmente, eram os membros mais abastados da sociedade. 
E) CORRETA – Os senhores de escravos foram obrigados, por determinação do Imperador, a ceder os seus africanos escravizados para que eles atuassem na Guerra do Paraguai. E, não receberam nenhuma contrapartida do governo brasileiro. Ou seja, perdiam o investimento que fizeram em mão de obra para trabalhar em suas terras. 

Gabarito da professora: Alternativa E.

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