Sinovaldo, Correio Gravataí, 19/04/2016. Disponível em: <http://www.correiogravatai.com.br/_conteudo/2016/04/noticias/regiao/315696-dia-do-ndio-e-brasilia-nas-charges-dos-jornais-desta-quarta.html> . Acesso em: 10 set. 2017.
“Geralmente, as comunidades estão localizadas em área de risco. Nunca é numa área boa. A
gente sente muita essa dificuldade de viver na cidade. A maioria dos Sateré daqui da aldeia está
no trabalho informal, sem carteira assinada. A maior parte fica dentro da aldeia trabalhando com
artesanato. A gente consegue gerar uma renda mais no mês de abril quando o público procura.
Fora isso a gente fica dependendo de doações”
A relação entre a charge e o excerto do texto I, reproduzido acima, se dá, principalmente, porque
ambos:
Sinovaldo, Correio Gravataí, 19/04/2016. Disponível em: <http://www.correiogravatai.com.br/_conteudo/2016/04/noticias/regiao/315696-dia-do-ndio-e-brasilia-nas-charges-dos-jornais-desta-quarta.html>
• A questão se refere ao Texto I
Texto I
Indígenas na cidade: pobreza e preconceito marcam condições de vida
Há muito tempo, a floresta amazônica deixou de ser o lar de milhares de indígenas. A escassez de alimentos,
o desmatamento e o avanço das cidades sobre as matas são alguns fatores que motivaram povos tradicionais
a migrar para áreas urbanas. Em Manaus, no Amazonas, eles podem ser encontrados em todas as regiões
da cidade. A Fundação Estadual do Índio estima que de 15 a 20 mil indígenas de diversas etnias vivam em
áreas urbanas amazonenses, como os sateré-mawé, apurinã, kokama, miraña, dessana, tukano e piratapuia.
“Acredito que 90% dos bairros de Manaus tenham indígenas morando”, informou o presidente da Fundação
Estadual do Índio, Raimundo Atroari.
Apesar de buscar melhores condições de vida na cidade, a maioria dos indígenas vive em situação de pobreza,
tem dificuldade de conseguir emprego e a principal renda vem do artesanato. “Geralmente, as comunidades
estão localizadas em área de risco. Nunca é numa área boa. A gente sente muita essa dificuldade de viver
na cidade. A maioria dos Sateré daqui da aldeia está no trabalho informal, sem carteira assinada. A maior
parte fica dentro da aldeia trabalhando com artesanato. A gente consegue gerar uma renda mais no mês de
abril quando o público procura. Fora isso a gente fica dependendo de doações”, contou o tuxaua ou cacique
Moisés Sateré, líder de uma comunidade no bairro da Paz, zona oeste de Manaus, onde vivem 14 famílias.
A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, confirma que é comum
os indígenas, mesmo em áreas urbanas, viverem em comunidade. “Conforme vai passando o tempo, vem
um, vem outro e mais outros, as famílias acabam se juntando em determinado bairro, ou em uma periferia
que ninguém morava, e os indígenas foram morar. Você vai ver que nas grandes cidades como Manaus,
Campo Grande, Porto Alegre têm bairros eminentemente indígenas, ou segmentos de bairros, ressaltou a
antropóloga.”
[...]
Morar em centros urbanos sem ocultar a ancestralidade e as próprias referências é ainda uma luta para mais
de 315 mil indígenas, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número representa 49% do total da população indígena do país.
“Há ainda forte preconceito e discriminação. E os indígenas que moram nas cidades são realmente os que
enfrentam a situação assim no dia a dia, constantemente”, conta o presidente da Organização dos Índios da
Cidade, de Boa Vista, Eliandro Pedro de Sousa, do povo Wapixana.
Em todo o Brasil, São Paulo é a cidade com maior população indígena, com cerca de 12 mil habitantes;
seguida de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, com pouco mais de 11 mil e Salvador, com mais de 7,5
mil índios.
A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, destaca que desde
a colonização, a presença indígena nas cidades é constante, mas, em décadas passadas, a cidade era um
espaço proibido.
“Eles iam pras cidades e não diziam que eram indígenas. Ocultavam a origem e também ocultavam as
referências culturais, digamos assim”, explica. De acordo com ela, o medo da discriminação e de represálias
do antigo Serviço de Proteção ao Índio impedia os indígenas de se apresentarem como tal.
Foi na década de 50, com o desenvolvimento industrial, que o processo de migração para as cidades se
intensificou. Moradores do campo seguiam em busca de emprego nas fábricas e, com os indígenas, não foi
diferente, conta a professora.
A própria Fundação Nacional do Índio (Funai), que tem como missão promover os direitos dos povos indígenas
no Brasil, sofre o preconceito e percebe a situação dos indígenas que moram nas cidades. “Essa questão do
preconceito é até com os servidores [da Funai]. Se é com o servidor, imagine para o próprio indígena”, indaga
o coordenador regional da Funai em Roraima, Riley Mendes.
Bianca Paiva, Maíra Heinen – repórteres do radiojornalismo – EBC – Agência Brasil, 19/04/2017.
Fonte: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-04/indigenas-na-cidade-pobreza-e-preconceito-marcam-condicao-de-vida>. Acesso em: 10 set. 2017.
• A questão se refere ao Texto I
Texto I
Indígenas na cidade: pobreza e preconceito marcam condições de vida
Há muito tempo, a floresta amazônica deixou de ser o lar de milhares de indígenas. A escassez de alimentos, o desmatamento e o avanço das cidades sobre as matas são alguns fatores que motivaram povos tradicionais a migrar para áreas urbanas. Em Manaus, no Amazonas, eles podem ser encontrados em todas as regiões da cidade. A Fundação Estadual do Índio estima que de 15 a 20 mil indígenas de diversas etnias vivam em áreas urbanas amazonenses, como os sateré-mawé, apurinã, kokama, miraña, dessana, tukano e piratapuia. “Acredito que 90% dos bairros de Manaus tenham indígenas morando”, informou o presidente da Fundação Estadual do Índio, Raimundo Atroari.
Apesar de buscar melhores condições de vida na cidade, a maioria dos indígenas vive em situação de pobreza, tem dificuldade de conseguir emprego e a principal renda vem do artesanato. “Geralmente, as comunidades estão localizadas em área de risco. Nunca é numa área boa. A gente sente muita essa dificuldade de viver na cidade. A maioria dos Sateré daqui da aldeia está no trabalho informal, sem carteira assinada. A maior parte fica dentro da aldeia trabalhando com artesanato. A gente consegue gerar uma renda mais no mês de abril quando o público procura. Fora isso a gente fica dependendo de doações”, contou o tuxaua ou cacique Moisés Sateré, líder de uma comunidade no bairro da Paz, zona oeste de Manaus, onde vivem 14 famílias.
A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, confirma que é comum os indígenas, mesmo em áreas urbanas, viverem em comunidade. “Conforme vai passando o tempo, vem um, vem outro e mais outros, as famílias acabam se juntando em determinado bairro, ou em uma periferia que ninguém morava, e os indígenas foram morar. Você vai ver que nas grandes cidades como Manaus, Campo Grande, Porto Alegre têm bairros eminentemente indígenas, ou segmentos de bairros, ressaltou a antropóloga.”
[...]
Morar em centros urbanos sem ocultar a ancestralidade e as próprias referências é ainda uma luta para mais de 315 mil indígenas, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 49% do total da população indígena do país.
“Há ainda forte preconceito e discriminação. E os indígenas que moram nas cidades são realmente os que enfrentam a situação assim no dia a dia, constantemente”, conta o presidente da Organização dos Índios da Cidade, de Boa Vista, Eliandro Pedro de Sousa, do povo Wapixana.
Em todo o Brasil, São Paulo é a cidade com maior população indígena, com cerca de 12 mil habitantes; seguida de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, com pouco mais de 11 mil e Salvador, com mais de 7,5 mil índios.
A antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, destaca que desde a colonização, a presença indígena nas cidades é constante, mas, em décadas passadas, a cidade era um espaço proibido.
“Eles iam pras cidades e não diziam que eram indígenas. Ocultavam a origem e também ocultavam as referências culturais, digamos assim”, explica. De acordo com ela, o medo da discriminação e de represálias do antigo Serviço de Proteção ao Índio impedia os indígenas de se apresentarem como tal.
Foi na década de 50, com o desenvolvimento industrial, que o processo de migração para as cidades se intensificou. Moradores do campo seguiam em busca de emprego nas fábricas e, com os indígenas, não foi diferente, conta a professora.
A própria Fundação Nacional do Índio (Funai), que tem como missão promover os direitos dos povos indígenas no Brasil, sofre o preconceito e percebe a situação dos indígenas que moram nas cidades. “Essa questão do preconceito é até com os servidores [da Funai]. Se é com o servidor, imagine para o próprio indígena”, indaga o coordenador regional da Funai em Roraima, Riley Mendes.
Bianca Paiva, Maíra Heinen – repórteres do radiojornalismo – EBC – Agência Brasil, 19/04/2017.
Fonte: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-04/indigenas-na-cidade-pobreza-e-preconceito-marcam-condicao-de-vida>