Pela leitura do texto, é possível concluir que
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto
Entre o espaço público e o privado
01 Excluídos da sociedade, os moradores de rua
02 ressignificam o único espaço que lhes foi permitido
03 ocupar, o espaço público, transformando-o em
04 seu “lugar”, um espaço privado. Espalhados pelos
05 ambientes coletivos da cidade, fazendo comida no
06 asfalto, arrumando suas camas, limpando as calçadas
07 como se estivessem dentro de uma casa: assim vivem
08 os moradores de rua. Ao andar pelas ruas de São
09 Paulo, vemos essas pessoas dormindo nas calçadas,
10 passando por situações constrangedoras, pedindo
11 esmolas para sobreviver. Essa é a realidade das
12 pessoas que fazem da rua sua casa e nela constroem
13 sua intimidade. Assim, a ideia de individualização que
14 está nas casas, na separação das coisas por cômodos
15 e quartos que servem para proteger a intimidade do
16 indivíduo, ganha outro sentido. O viver nas ruas, um
17 lugar aparentemente inabitável, tem sua própria lógica
18 de funcionamento, que vai além das possibilidades.
19 A relação que o homem estabelece com o
20 espaço que ocupa é uma das mais importantes para
21 sua sobrevivência. As mudanças de comportamento
22 social foram sempre precedidas de mudanças físicas
23 de local. Por mais que a rua não seja um local para
24 viver, já que se trata de um ambiente público, de
25 passagem e não de permanência, ela acaba sendo,
26 senão única, a mais viável opção. Alguns pensadores
27 já apontam que a habitação é um ponto base e
28 adquire uma importância para harmonizar a vida.
29 O pensador Norberto Elias comenta que “o quarto
30 de dormir tornou-se uma das áreas mais privadas
31 e íntimas da vida humana. Suas paredes visíveis
32 e invisíveis vedam os aspectos mais ‘privados’,
33 ‘íntimos’, irrepreensivelmente ‘animais’ da nossa
34 existência à vista de outras pessoas”.
35 O modo como essas pessoas constituem o único
36 espaço que lhes foi permitido indica que conseguiram
37 transformá-lo em “seu lugar”, que aproximaram, cada
38 um à sua maneira, dois mundos nos quais estamos
39 inseridos: o público e o privado.
RODRIGUES, Robson. Moradores de uma terra sem dono.
(fragmento adaptado) In: http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/
ESSO/edicoes/32/artigo194186-4.asp.
Acesso em 21/8/2014.
INSTRUÇÃO: Responder à questão com base no texto
Entre o espaço público e o privado
02 ressignificam o único espaço que lhes foi permitido
03 ocupar, o espaço público, transformando-o em
04 seu “lugar”, um espaço privado. Espalhados pelos
05 ambientes coletivos da cidade, fazendo comida no
06 asfalto, arrumando suas camas, limpando as calçadas
07 como se estivessem dentro de uma casa: assim vivem
08 os moradores de rua. Ao andar pelas ruas de São
09 Paulo, vemos essas pessoas dormindo nas calçadas,
10 passando por situações constrangedoras, pedindo
11 esmolas para sobreviver. Essa é a realidade das
12 pessoas que fazem da rua sua casa e nela constroem
13 sua intimidade. Assim, a ideia de individualização que
14 está nas casas, na separação das coisas por cômodos
15 e quartos que servem para proteger a intimidade do
16 indivíduo, ganha outro sentido. O viver nas ruas, um
17 lugar aparentemente inabitável, tem sua própria lógica
18 de funcionamento, que vai além das possibilidades.
19 A relação que o homem estabelece com o
20 espaço que ocupa é uma das mais importantes para
21 sua sobrevivência. As mudanças de comportamento
22 social foram sempre precedidas de mudanças físicas
23 de local. Por mais que a rua não seja um local para
24 viver, já que se trata de um ambiente público, de
25 passagem e não de permanência, ela acaba sendo,
26 senão única, a mais viável opção. Alguns pensadores
27 já apontam que a habitação é um ponto base e
28 adquire uma importância para harmonizar a vida.
29 O pensador Norberto Elias comenta que “o quarto
30 de dormir tornou-se uma das áreas mais privadas
31 e íntimas da vida humana. Suas paredes visíveis
32 e invisíveis vedam os aspectos mais ‘privados’,
33 ‘íntimos’, irrepreensivelmente ‘animais’ da nossa
34 existência à vista de outras pessoas”.
35 O modo como essas pessoas constituem o único
36 espaço que lhes foi permitido indica que conseguiram
37 transformá-lo em “seu lugar”, que aproximaram, cada
38 um à sua maneira, dois mundos nos quais estamos
39 inseridos: o público e o privado.
RODRIGUES, Robson. Moradores de uma terra sem dono.
(fragmento adaptado) In: http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/
ESSO/edicoes/32/artigo194186-4.asp.
Acesso em 21/8/2014.
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto, com foco em inferência e compreensão da mensagem principal. Para responder corretamente, é necessário identificar as ideias implícitas e o modo como o texto estrutura a oposição entre espaço público e espaço privado na vivência dos moradores de rua.
Justificativa da alternativa correta (D): A alternativa D – “os excluídos constroem nas ruas limites invisíveis para substituir o espaço que lhes é vedado” – sintetiza a essência do texto. O autor explica como os moradores de rua, privados do espaço privado (a casa), ressignificam o espaço público, transformando-o em “lugar” e criando uma intimidade própria, mesmo sem paredes visíveis. Os “limites invisíveis” referem-se a essa construção subjetiva de privacidade em meio ao ambiente coletivo da rua. Segundo manual de Koch & Elias, “interpretar exige perceber aquilo que o texto expressa explicitamente e também identificar sentidos subentendidos”.
O conceito de inferência, muito valorizado em provas, é o que permite ao candidato perceber essa relação não declarada diretamente, mas sugerida em várias passagens, como ao dizer que os moradores de rua “constroem sua intimidade” na rua.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta: O texto mostra justamente o contrário: há preocupação com a construção da intimidade.
B) Incorreta: O texto fala em ressignificação do espaço, e não dos objetos pessoais.
C) Incorreta: Apesar de citar uma “lógica própria”, não afirma que isso inviabiliza a proteção do indivíduo.
E) Incorreta: Não há menção à exposição dos aspectos mais violentos da existência humana.
Estratégia de resolução: Observe palavras-chave como “limites invisíveis” (não citada, mas dedutível pelo contexto), “transformando-o em seu lugar”, e “construem sua intimidade”, e relacione o geral do texto às alternativas. Evite respostas que extrapolem o conteúdo ou sejam genéricas demais.
Referência: Obras de Ingedore Koch (“Ler e compreender”), Celso Cunha & Lindley Cintra enfatizam que interpretação exige atenção à coesão e coerência, além da inferência, muito explorada neste modelo de questão.
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