O romance de Manuel Antônio de Almeida aborda costumes
da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. Um deles é
a presença comum de agregados nas casas. No texto, essa
figura é descrita
O romance de Manuel Antônio de Almeida aborda costumes
da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. Um deles é
a presença comum de agregados nas casas. No texto, essa
figura é descrita
[...] no tempo em que se passavam os fatos que vamos
narrando nada mais havia comum do que ter cada casa um,
dois e às vezes mais agregados.
Em certas casas os agregados eram muito úteis, porque
a família tirava grande proveito de seus serviços, e já tivemos
ocasião de dar exemplo disso quando contamos a história
do finado padrinho de Leonardo; outras vezes porém, e estas eram maior número, o agregado, refinado vadio, era uma
verdadeira parasita que se prendia à árvore familiar, que lhe
participava da seiva sem ajudá-la a dar frutos, e o que é mais
ainda, chegava mesmo a dar cabo dela. E o caso é que, apesar de tudo, se na primeira hipótese o esmagavam com o
peso de mil exigências, se lhe batiam a cada passo com os
favores na cara, se o filho mais velho da casa, por exemplo,
o tomava por seu divertimento, e à menor e mais justa queixa saltavam-lhe os pais em cima tomando o partido de seu
filho, no segundo aturavam quanto desconcerto havia com
paciência de mártir, o agregado tornava-se quase um rei em
casa, punha, dispunha, castigava os escravos, ralhava com
os filhos, intervinha enfim nos mais particulares negócios.
Em qual dos dois casos estava ou viria estar em breve
o nosso amigo Leonardo? O leitor que decida pelo que se
vai passar.
(Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias, 1994.)
[...] no tempo em que se passavam os fatos que vamos narrando nada mais havia comum do que ter cada casa um, dois e às vezes mais agregados.
Em certas casas os agregados eram muito úteis, porque a família tirava grande proveito de seus serviços, e já tivemos ocasião de dar exemplo disso quando contamos a história do finado padrinho de Leonardo; outras vezes porém, e estas eram maior número, o agregado, refinado vadio, era uma verdadeira parasita que se prendia à árvore familiar, que lhe participava da seiva sem ajudá-la a dar frutos, e o que é mais ainda, chegava mesmo a dar cabo dela. E o caso é que, apesar de tudo, se na primeira hipótese o esmagavam com o peso de mil exigências, se lhe batiam a cada passo com os favores na cara, se o filho mais velho da casa, por exemplo, o tomava por seu divertimento, e à menor e mais justa queixa saltavam-lhe os pais em cima tomando o partido de seu filho, no segundo aturavam quanto desconcerto havia com paciência de mártir, o agregado tornava-se quase um rei em casa, punha, dispunha, castigava os escravos, ralhava com os filhos, intervinha enfim nos mais particulares negócios. Em qual dos dois casos estava ou viria estar em breve o nosso amigo Leonardo? O leitor que decida pelo que se vai passar.
(Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias, 1994.)
Gabarito comentado
Esta questão requer interpretação textual, questão
que exige habilidade de apreender as ideias que compõem o texto.
Alternativa (A) incorreta -
O agregado era uma pessoa bem vista pela família, principalmente, quando
prestava seus serviços a ela. No trecho “o agregado tornava-se
quase um rei em casa", fica claro não
haver certa reserva.
Alternativa (B) correta -
Havia uma dualidade em relação ao agregado: ora ele era visto como útil à
família, ora ele era tido como um serviçal, sendo, muitas vezes, explorado
pelos donos da casa.
Alternativa (C) incorreta -
Pelo que se pode inferir das ideias do texto, o agregado não era tomado pelo
seu humor, tampouco pela sua simpatia, já que, algumas vezes, castigava os
escravos e brigava com os filhos.
Alternativa (D) incorreta -
Não era só tratado como escravo, também participava dos negócios particulares
da família.
Alternativa (E) incorreta -
Não era só tratado de forma positiva, visto que, muitas vezes, era explorado
pela família.
Gabarito da Professora: Letra B.