Sobre o movimento historicamente conhecido como
Inconfidência Mineira de 1788-9, pode-se corretamente afirmar:
A Inconfidência Mineira pode ser explicada,
dentre outros fatores, pelo crescimento da indústria portuguesa que passou a
demandar cada vez mais o ouro brasileiro como forma de pagamento das matérias-primas
necessárias;
A Inconfidência Mineira agregou participantes de diversas
partes da colônia, insatisfeitos por conta do rigoroso controle sobre o
comércio das especiarias do Pará e Maranhão, sobre o tráfico negreiro e sobre
as missões jesuíticas.
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A
Tema central: a Inconfidência Mineira (1788–1789) foi um movimento de elites mineiras contra a exploração fiscal colonial — especialmente a derrama — e reflete a contradição entre interesses locais e da metrópole. Para responder, é preciso relacionar fatores econômicos (decadência da mineração, impostos), sociais (articulação de pequenos proprietários, militares e intelectuais) e influências ideológicas (Iluminismo, independência dos EUA).
Resumo teórico: no final do século XVIII Minas vivia queda da produção aurífera; a Coroa aumentou cobranças (derrama prevista) para compensar arrecadação. Isso gerou descontentamento entre proprietários, militares e profissionais liberais. O projeto inconfidente articulava, para alguns, propostas republicanas e independência; para a maioria, era reação a medidas fiscais e ao controle metropolitano. Fontes: processos da Inconfidência (Arquivo Nacional); leituras introdutórias em Boris Fausto, História do Brasil; Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo.
Por que a alternativa A está correta: ela identifica com precisão as causas centrais — divergências socioeconômicas entre elites mineiras e Portugal e a contradição entre interesses coloniais e metropolitanos. Esse quadro explica a origem política e econômica do movimento e é consenso em obras acadêmicas sobre o tema.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Minimiza o movimento. Mesmo que a memória de Tiradentes tenha sido valorizada por propagandas republicanas no século XIX/XX, a Inconfidência tem significância histórica pelo que revela sobre tensões coloniais e projeto político das elites mineiras.
C — Incorreta. Afirmar que o movimento não deva ser analisado em contexto internacional é erro: ideias iluministas e as revoluções (EUA, França, Haiti) exerceram influência ideológica e simbólica, embora não expliquem sozinhas as motivações locais.
D — Incorreta. Erra ao imputar a causa ao “crescimento da indústria portuguesa” que demandaria ouro. A economia portuguesa não impulsionou busca de ouro brasileiro como pagamento de matérias‑primas; a questão central foi a extração fiscal e a queda da produção mineira, não nova demanda industrial.
E — Incorreta. A Inconfidência não agregou de fato representantes de várias capitanias com queixas sobre comércio do Pará/Maranhão ou missões jesuíticas; foi movimento mais localizado em Minas, centrado em problemas fiscais e sociais locais.
Dica de prova: ao ver “contradição entre interesses coloniais e metropolitanos” pense em impostos, controle econômico e elites regionais — isso costuma ser sinal da resposta correta em perguntas sobre movimentos coloniais.
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