Questão 61e07185-7a
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Do ponto de vista linguístico, a defesa da norma-padrão
pelo personagem caracteriza-se por
Do ponto de vista linguístico, a defesa da norma-padrão
pelo personagem caracteriza-se por
Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio, era gramático. Ninguém escrevia em Tubiacanga
que não levasse bordoada do Capitão Pelino, e mesmo
quando se falava em algum homem notável lá no Rio,
ele não deixava de dizer: “Não há dúvida! O homem
tem talento, mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’…”
E contraía os lábios como se tivesse engolido alguma
cousa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar
o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores
glórias nacionais. Um sábio…
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero,
o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter
passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho
mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito
abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-
-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa.
Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino
avaro de palavras, limitando-se tão-somente a ouvir.
Quando, porém, dos lábios de alguém escapava a
menor incorreção de linguagem, intervinha e emendava.
“Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que…” Por aí,
o mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica:
“Não diga ‘asseguro’, Senhor Bernardes; em português
é garanto”.
E a conversa continuava depois da emenda, para ser
de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras,
houve muitos palestradores que se afastaram, mas
Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava
o seu apostolado de vernaculismo.
BARRETO, L. A Nova Califórnia. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 24 jul. 2019.
Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio, era gramático. Ninguém escrevia em Tubiacanga
que não levasse bordoada do Capitão Pelino, e mesmo
quando se falava em algum homem notável lá no Rio,
ele não deixava de dizer: “Não há dúvida! O homem
tem talento, mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’…”
E contraía os lábios como se tivesse engolido alguma
cousa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar
o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores
glórias nacionais. Um sábio…
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero,
o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter
passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho
mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito
abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-
-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa.
Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino
avaro de palavras, limitando-se tão-somente a ouvir.
Quando, porém, dos lábios de alguém escapava a
menor incorreção de linguagem, intervinha e emendava.
“Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que…” Por aí,
o mestre-escola intervinha com mansuetude evangélica:
“Não diga ‘asseguro’, Senhor Bernardes; em português
é garanto”.
E a conversa continuava depois da emenda, para ser
de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras,
houve muitos palestradores que se afastaram, mas
Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava
o seu apostolado de vernaculismo.
BARRETO, L. A Nova Califórnia. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em: 24 jul. 2019.
A
contestar o ensino de regras em detrimento do
conteúdo das informações.
B
resgatar valores patrióticos relacionados às tradições
da língua portuguesa.
C
adotar uma perspectiva complacente em relação aos
desvios gramaticais.
D
invalidar os usos da língua pautados pelos preceitos
da gramática normativa.
E
desconsiderar diferentes níveis de formalidade nas
situações de comunicação.