Questão 619661d9-7a
Prova:ENEM 2021
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e ao sugerir a dicionarização de expressões locais, o poeta expressa uma concepção de língua que

A draga


A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, no Porto, como um pé de árvore ou uma duna.

— E que fosse uma casa de peixes?

Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela, enraizados em suas ferragens. Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega- -sapo.

[...]

Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológio caprichado, chamou-o de Mário-Captura-Sapo! Ai que dor!

Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial.

Queria captura em vez de pega para não macular (sic) a língua nacional lá dele…

[...]

Da velha draga

Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem dinheiro, viver na miséria

Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda

Para que as registre em seus léxicos

Pois que o povo já as registrou.


BARROS, M. Gramática expositiva do chão: poesia quase toda. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1990 (fragmento).

A
contrapõe características da escrita e da fala.
B
ironiza a comunicação fora da norma-padrão.
C
substitui regionalismos por registros formais.
D
valoriza o uso de variedades populares.
E
defende novas regras gramaticais.

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